
EPISÓDIO 1x01
“A Premiação”
PILOTO
CENA 01/ MANSÃO AMARAL/ INTERIOR/ SUÍTE EDUARDO AMARAL/ DIA.
Um
grande ambiente. Uma janela enorme, dando vista a uma paisagem verdejante. Cercada por mesas de cabeceiras, a cama está no
centro do quarto, de frente para um televisão moderna, larga, sobre um rack preto. No canto, uma pequena mesa de chá, seguida por uma porta, acesso ao toalete.
Zoom na cama, lentamente. Uma
mão surge de debaixo das cobertas floridas e as retira de cima de si. Um homem
moreno, aparentemente alto, usando alguma roupa feminina de dormir,
surge. Trata-se de Eduardo Amaral, que saca o controle remoto purpurinado de debaixo das cobertas e liga a TV.
Eduardo
se levanta e mostra seu traje: uma camisola florida, como as cobertas. Na televisão, uma foto sua surge
em frente ao logotipo de seu programa de entrevistas: "Divando com Eduardo
Amaral".
Eduardo
se senta na cama, ignorando a TV, se espreguiça, faz alguns “alongamentos” e olha para a CAM.
Eduardo:
Uma verdadeira rainha, quando acorda, merece um bom banho de sais minerais para
revitalizar a alma e destruir as inimigas desde cedo! (sorri)
Eduardo
caminha para dentro do toalete, retira cada peça de roupa do corpo e entra na
banheira. O vapor da água assume o controle do cômodo, deixando-o oculto em
meio a fumaça. A câmera se afasta para mostrar o quarto. (Fim do áudio).
LEGENDA
EM TELA PRETA: 1 HORA DEPOIS.
CENA 02/ MANSÃO AMARAL/
INTERIOR/ CORREDORES/ DIA.
O
vestido marrom, bordado em rendas, apropria a constituição física masculina.
Mascando um chiclete e tendo uma taça de champanhe em mãos, Eduardo caminha
pelos corredores do grandioso palacete, observando a extensa escadaria. Ele
chega ao topo da escada e a observa. Eduardo solta um sorriso.
Eduardo:
Um brinde a minha diva soberana! (levanta a taça) Nazaré Tedesco! (sorri) Jogaria
todas as vagabas escada abaixo apenas com um soprar dos meus belos lábios
rosadas, de Lana Del Rey.
Ele
desce as escadas, chegando a uma espécie de hall de entrada da casa. Todos os móveis, muito luxuosos, aparentemente de valor, estão em
perfeito lugar e limpos. O cheiro do café da manhã encaminha o divo para a SALA DE JANTAR, à direita das escadas, um pequeno ambiente, portando uma mesa longa, recheada de delícias do desjejum. Eduardo entra na sala e observa o empregado colocando as pratarias na mesa.
Eduardo:
Pequeno Yuri... Por favor, traga-me um café preto, sem açúcar, como bem sabe.
Yuri: Bom dia, senhora. Sim, rainha soberana, seu pedido é um ato concluído na velocidade da luz.
Yuri
sai. Eduardo se acomoda na poltrona, ajeitando o guardanapo sobre o colo. Voltando, Yuri equilibra uma bandeja em
mãos, a qual contém um bule de café, que é colocado sobre a mesa.
Eduardo:
Só de pensar que tenho aqueles pobres para entrevistar... (despejando o café
sobre a xícara) O primeiro é o Márcio Gabriel, escritorzinho de novelas das
seis. Ah, que humilhação. Depois do Portal Cuequinha, onde cobria estreias de
filmes pornôs, entrevisto essa gentinha! (T) Você só houve, não é, serviçal? Vai aprendendo...
Eduardo
pousa a xícara na boca.
Yuri:
Eu adoro “Um conto sobre estrume”!
Eduardo:
(cuspindo o café) Traidor!
Eduardo
levanta revoltado e olha, fixamente, para o garoto de aparentemente 16 anos.
Yuri:
(trêmulo) Rainha soberana, larguei de tudo para ficar com a senhora, até mesmo
minha mãezinha no nordeste. Tudo por amor a você!
Eduardo
começa a andar em círculos.
Eduardo:
E se recusa a receber um salário!
Yuri:
Não importa, tenho minhas economias da TV Conectados.
Eduardo:
(respira) Tudo bem, está perdoado, baby. (T; pigarreia) Comprei uns presentinhos, ontem, na
Vila Norma. Siga-me.
Eles saem do cômodo.
Eles saem do cômodo.
CENA 03/ MANSÃO AMARAL/
INTERIOR/ ESCRITÓRIO/ DIA.
Ambos
entram no escritório, um lugar amplo, com discos de Eduardo Amaral sobre as
prateleiras, prêmios e livros. Sobre um cabide , preso a um cabideiro, está um terno, junto a uma gravata.
Yuri:
Para que este terno e gravata?
Eduardo:
Para você mesmo! Vamos para o Troféu Blog da Zih! (sorri) Claro, a estrela principal
sempre será eu, rainha do globo, Dudu Amaral, mas você vai comigo.
Yuri
se ajoelha, abaixando a cabeça, como veneração.
Yuri: (radiante) Eu? Pobre ser, no TIBDZ? Vou ter que vender todos os meus Jequiti, para te agradecer, rainha.
Ele faz menção de abraçá-lo, mas Eduardo dá um passo para trás, impedindo.
Eduardo: Não me fale em perfume, que me lembro do Luiz Gustavo com aquela série, que parece mais um filme pornô.
Ele faz menção de abraçá-lo, mas Eduardo dá um passo para trás, impedindo.
Eduardo: Não me fale em perfume, que me lembro do Luiz Gustavo com aquela série, que parece mais um filme pornô.
Yuri
volta para a postura ereta.
Yuri:
Calei-me, espírito máster.
Eduardo: É, melhor... Aproveita e vira o Félix, robô.
CENA 04/ TEATRO WEBTV/ EXTERIOR/ NOITE.
Eduardo: É, melhor... Aproveita e vira o Félix, robô.
CENA 04/ TEATRO WEBTV/ EXTERIOR/ NOITE.
Uma
limusine branca e luxuosa, de dez metros de comprimento, estaciona em frente ao
teatro da emissora WebTV, uma grande estrutura, cercada por holofotes. A câmera vai buscar, quando a janela da limusine se abre, dentro do veículo, Eduardo Amaral, trajando um
sobretudo preto e Yuri, beliscando um petisco.
Yuri:
Adoro comer amendoim...
Eduardo:
Nem pra isso a TVV serve, cadê as cervejinhas, os canapés, aqui dentro?
Yuri:
Ta tudo na premiação!
Eduardo:
Espero ter algo de decente neste lugar. Não quero perder tempo com pouca coisa.
As
portas são abertas pelo chofer, que traja um terno preto. Os dois descem do
automóvel e caminham pelo tapete vermelho. Uma chuva de flashes cai sobre os dois. Eles passam pelo tapete e os fotógrafos aquietam. No HALL DE ENTRADA, um lugar amplo, Eduardo se ajeita e olha para Yuri.
Eduardo:
Faço a fina e nem paro para as fotos.
Ele mantém a pose de arrogante, ao lado do empregado doméstico, e eles caminham em direção a uma mesa de recepção.
CENA 05/ TEATRO WEBTV/
SALÃO PRINCIPAL/ INTERIOR/ NOITE.
(Áudio torna-se música do ambiente.) Sai
numa placa, grudada a porta do elevador: “Em manutenção!”; seguida de outra
placa, numa porta ao lado, de cor branca: “Escadas”. Eduardo Amaral abre a
porta. Ao seu lado, Yuri. Ambos ofegantes, suados.
Eduardo:
(ofegante) Vou ter um derrame!
Yuri:
Tô pior que a Neyde em Body Ache.
Eduardo
caminha para a multidão, tropeçando e caindo nos braços de um homem de cabelos
pretos, pele branca, usando óculos de grau. Eduardo se recompõe, olha para o homem e, massageando os cabelos, sorri. (Fim do áudio)
Eduardo:
Acho que estou apaixonada! Você é o garçom?
Homem:
Meu nome é Douglas Souza.
Eduardo
o olha de cima em baixo: cabelos encharcados por gel e smoking cinza escuro.
Eduardo:
Quer uma companhia para essa noite, lindo?
Uma
travesti loira, com um vestido decotado, se aproxima e se apoia em Douglas, os interrompendo.
Travesti:
My name is Bianca, dona deste gato.
Bianca
encara Eduardo.
Eduardo:
Falando em inglês por quê? (enfurecido) Aprendiz de Wanessa Camargo?
Douglas:
Tenho que ficar com a minha querida noiva, Cristina Ravela, não poderei
partilhar momentos com nenhuma das duas, desculpem-me.
Douglas
sai, sumindo em meio da multidão.
Bianca:
(mascando chiclete, enrolando o cabelo nos dedos) Podemos partilhar do mesmo
bofe, em, queridinho?
Eduardo: (perplexo) Não sou de dividir galeto, pode comer o frango todo sozinha.
Eduardo
Amaral empina o ombro e sai. Yuri dá um risinho sem graça para Bianca.
CENA 06/ TEATRO WEBTV/
INTERIOR/ BANHEIRO/ NOITE.
Eduardo
Amaral retoca a maquiagem ao lado de Yuri. Ambos permanecem a conversar.
Eduardo: (passando rímel) Gente... O que foi aquilo, pequeno Yuri? Voz aveludada, grossa, pegada: Douglas Souza. Douglas... Amor à primeira vista. (suspira)
Eduardo: (passando rímel) Gente... O que foi aquilo, pequeno Yuri? Voz aveludada, grossa, pegada: Douglas Souza. Douglas... Amor à primeira vista. (suspira)
Yuri:
Ainda não entendi. Quem é essa Bianca na fila do bom prato pra falar daquele
jeito com minha Madonna soberana?
Eduardo:
Deixa, pequeno Yuri, dela eu dou cabo, não vamos fazer barraco, pelo menos
neste momento. O que é dela está guardado, mas o que é meu tá andando pela festa. Vem!
Eduardo puxa Yuri em direção a saída do banheiro.
Eduardo puxa Yuri em direção a saída do banheiro.
CENA 07/ TEATRO WEBTV/ INTERIOR/ SALÃO PRINCIPAL/ NOITE.
Eduardo
e Yuri retornam ao teatro, acomodando-se em cadeiras próximas ao palco. Bruno
Olsen, trajando um smoking preto, sobe as escadas, dá alguns toques no
microfone.
Eduardo:
(sussurra) Meu estomago está revirando, será que não tem nada pra comer?
Yuri
pega a mochila do chão, retirando diversas guloseimas e bebidas.
Eduardo: Você trouxe uma mochila?
Yuri: Festa de rico, rainha...
Eduardo: De fome não vamos morrer, mas de tédio...
Yuri: Festa de rico, rainha...
Eduardo: De fome não vamos morrer, mas de tédio...
Bruno:
(V.O.) Boa noite a todos/
CENA 08/ TEATRO WEBTV/ EXTERIOR/ JARDIM/ NOITE.
Eduardo
caminha pelo o jardim. Nas mãos, segura um copo de plástico, que contém
refrigerante. Os minutos passam e ainda permanece parado, calado. A voz grossa de Bruno Olsen pode ser ouvida, mas sua mensagem é quase incompreensível. É quando, de
repente, alguém se aproxima detrás de seu corpo, o puxando. A câmera gira junto
de Eduardo e vemos Everton Manfrine, trajando roupas casuais.
Eduardo: O quê? Você? (pasmo) Não me toque, não sou celular, Everton Manfrine, saia daqui. O que é isso? (alto) Seguranças? Cadê os seguranças?
Everton:
Quando irá me entrevistar, Eduardo?
Eduardo:
Quando o sucesso bater a sua porta e o talento chegar, amado.
Eduardo
sorri de forma maldosa.
Everton:
Estou no Belas Histórias, querido, isso está próximo.
Eduardo:
Isso não é sinônimo de nada, meu bem. Te destrono em apenas um estalo de
dedos.
Everton:
(grita) Traveca dos infernos!
Eduardo:
Calma, está nervoso? (risos) Escreve Taylor!
Everton
bate na mão de Eduardo, fazendo o copo cair no gramado.
Everton: Quer saber? Eu sambo na sua coluna de entrevistas!
Eduardo:
Você já nasceu sambado, incluindo nos dotes físicos. Aliás, quem te convidou?
Penetra, né? Bem coisa dessa gentalha do BH, emissora da classe C. Por isso, um
serzinho que nem você, é aceito no evento...
Para agradar os pobres sem inteligência.
Everton
avança para cima de Eduardo, o jogando no chão. Everton senta sobre Eduardo e o estapeia. Eduardo reverte a posição. Vários fotógrafos se aproximam tirando fotos.
Bruno Olsen:
(V.O.) O que está acontecendo lá fora?
Os
seguranças afastam um do outro, ainda sentados na grama.
Eduardo:
Flopado!
Everton:
Bichinha arroz com ovo!
CENA 09/ TEATRO WEBTV/
INTERIOR/ BASTIDORES/ NOITE.
Uma
mulher loira, usando um vestido vermelho, entra na saleta e olha para um homem,
bebendo água. Vários adereços e correria no local.
Mulher:
Está vendo o que essa gentalha da TVV anda fazendo com a minha premiação,
Bruno?
Bruno:
Tenha calma, isso vai dar mais fofoca, Cristina. Olha... Ainda temos tempo até o início da entrega dos prêmios.
Cristina:
Fofoca?... Não precisa disso! Eu sou o choque de monstro, lindinho.
Bruno: Pensando bem... (cerra os olhos; os abre) Você e Eduardo Amaral!
Cristina:
Como assim?
Bruno: (sorri) Vire amiguinha do Eduardo Amaral! Um pode, muito bem, ajudar o outro. É perfeito, um plano incrível, digno de série!
Cristina:
Eduar/ (engasga; tosse) Seria bom para a minha imagem me aproximar de pessoas
mais peculiares, como a Lady Gaga, isso sim! (brava) Eduardo Amaral...
Bruno: Calma... Você ainda vai entender meu plano.
Bruno: Calma... Você ainda vai entender meu plano.
CENA 10/ TEATRO WEBTV/
INTERIOR/ BANHEIRO/ NOITE.
Eduardo
limpa o rosto com a ajuda de diversas pessoas, todos aparentando pena do
entrevistador.
Eduardo:
Aquele falido me paga! (choroso) Olha esse rostinho de boneca danificado...
Em
seguida, uma mulher de cabelos vermelhos, pele castanha e olhos escuros, entra
no local. Seu comportamento é como o de uma máquina.
Eduardo:
(rápido) Minha Mona Lisa! Eu preciso de frases de retaliação...
Eduardo
levanta, aproximando-se.
Eduardo:
Vazem todos! Preciso ficar com a musa, Juliana Cordeiro.
As
pessoas saem do cômodo, rapidamente.
Juliana: A retaliação é o melhor passe para destruir todos ao redor.
Eduardo:
Adoro bancar a Paola...
Juliana:
Não deixe que aqueles ao redor assumam o controle.
Eduardo:
Jamais, nunca serei submissa a ninguém!
Juliana:
Pra homem nenhum!
Juliana
o observa, calado por alguns segundos.
Eduardo:
Nem pro meu carteiro?
Juliana:
Muito menos.
O
aparelho celular de Eduardo toca algumas vezes. Ele atende.
Eduardo:
O que você quer, Luiz Gustavo?
Luiz:
(em off) Saia dessa premiação agora! Fotos suas estão estampadas em diversas
magazines!
Eduardo:
Não vou ser submissa!
Luiz:
Melhor vazar agora mesmo, ou a TVV Records não irá lançar o seu disco de
farofa.
Eduardo
desliga o telefone, assustado, e olha para a Juliana.
Eduardo:
Era o seu irmão.
Juliana:
Vamos sair à francesa?
Eduardo:
É o jeito. Mas, depois que você entrar no seu carro, vou parar no primeiro
bordel e me vender pra um bofe por cinco reais!
Juliana:
Faça o que quiser, o corpo é seu.
Eduardo: Como eu amo ser Eduardo Amaral!
Eduardo: Como eu amo ser Eduardo Amaral!
Eduardo
olha para a câmera e pisca.
FADE OUT.
FADE OUT.

Uma série de
Eduardo Amaral
Luiz Gustavo
Márcio Gabriel
Episódio escrito por
Luiz Gustavo
Márcio Gabriel
Revisão de texto
Félix Crítica
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