terça-feira, 29 de julho de 2014

Reaper - 2ª Temporada - Episódio 17


DÉCIMO SÉTIMO EPISÓDIO

BROKEN FEATHER
"PENA QUEBRADA"

Algo está muito errado aqui. Algumas semanas atrás, vários de nós foram sequestrados por Ariel e eu estava incluído no pacote. Eu acabei dormindo com ela e, depois de tudo o que aconteceu, eu decepei a sua cabeça com a minha foice.
O Olimpo está em alerta. Ganhamos novas habilidades, mas ainda não temos controle sobre elas. Nossas armas estão à nossa frente, mas não podemos alcança-las. Estamos indefesos.
— Fico envergonhada por vocês não terem percebido antes. – Ariel fala, e sacode a cabeça, desprendendo o seu cabelo e o deixando à mostra.
— Pobre Íris. Nem viu a morte chegando. Bom, O Morte chegando. Contarei a história inteira para vocês assim que sairmos do Olimpo. Podemos, senhor Zeus? – Ariel pergunta.
— E à moça cujo nome eu não sei, lhe será concedida uma habilidade no futuro, quando sentirmos que mereça tal. Podem pegar seus armamentos e voltarem ao lugar de onde vieram. O portal está logo ali. – Zeus aponta para um espelho enorme.
Pegamos nossos armamentos e fazemos uma reverência a eles. Andamos em direção ao portal. Uma tempestade começa dentro do Olimpo. Granizos começam a cair do teto, como se o lugar inteiro estivesse vindo abaixo, mas os Deuses estão extremamente tranquilos. De repente, um raio acerta todos nós e caímos dentro do portal.

[...]

Abro os olhos. Todos estão caídos no chão desacordados, exceto por Ariel. O céu está vermelho e algumas partes do local estão em chamas. Estamos de volta ao labirinto de Asteroth.
A quantidade de corpos que habita o lugar é surpreendente. Almas que lutaram contra Morte e almas que lutaram a favor; pégasus e dragões, bestas e demônios. Deve haver ao menos vinte mil corpos perto de onde estamos. É impossível saber a quantidade exata de mortos, mas arrisco dizer que há ao menos uns cem mil.
Ando até Ariel, e ela encosta sua espada no meu pescoço. Ela me olha nos olhos por alguns segundos e depois guarda sua espada sob o seu cinto. Ariel dá as costas para mim e torna a olhar para o céu.
— Como você sobreviveu? – Pergunto.
— A história é complicada. Nem eu sei ao certo se faz sentido, mas eis o que aconteceu:

Eu estava no meu quarto, oferecendo refúgio a vocês e seus amigos, dando-lhes a chance de lutar ao meu favor, quando você me atacou com sua foice. Fiquei magoada por você pensar que musais morrem assim tão facilmente. Quando o chão começou a tremer, eu tinha certeza que algo de errado estava acontecendo.
Mas eu não conseguia me mover. Apenas fiquei ali. Caída. Sangrando. Sentindo dores inimagináveis. Depois de um bom tempo de sofrimento, vi o teto desabar e estava pronta para aceitar a morte, mas foi aí que ela apareceu.
Quando me dei por mim, eu estava numa cabana de veraneio ou algo assim. Só consigo lembrar que era na praia. Levantei da cama e percorri a casa inteira em busca de alguém para perguntar o que estava acontecendo, mas tudo o que eu encontrei foi uma pena grande. Guardei-a no meu bolso e saí da casa.
Olhei em volta, gritei por ajuda, mas ninguém me ouvia. Aliás, não havia ninguém para me ouvir. Andei em direção ao mar com a intenção de me suicidar, mas senti uma parede invisível. Eu não podia sair dali. Tentei de tudo para entrar no mar, mas eu não conseguia de maneira nenhuma. Então eu voltei para a casa.
Ela estava lá. Ela se apresentou como Katherine Davenport, sua irmã, a criadora do Limbo. Katherine me explicou que eu fui salva para passar a eternidade no meu limbo – um lugar agradável, porém não tenho com quem compartilhar – e por isso é impossível que eu tire a minha vida. Ela ainda disse que às vezes, as pessoas podem ser tiradas do Limbo por um alquimista ou por um ritual, ou ainda, quando ela sente que há uma chance de nós, prisioneiros, fazermos um bem maior.
Passei um bom tempo lá sem ver ninguém, sem falar com ninguém, quando a pena começou a me machucar. Eu já tinha a examinado várias vezes, mas nunca soube qual sua função. Então eu desenhei uma porta no ar, e para a minha surpresa, uma porta apareceu diante de mim. Quando eu a abri, eu pude ver o interior de um elevador e todos vocês, incluindo Kratos, Lilith e Íris. Atravessei a porta com o intuito de ajuda-los, mas Lilith olhou direto para mim e eu senti uma energia dentro do meu corpo.
Depois disso, Katherine encontrou comigo no seu próprio Limbo. O dia em que toda a guerra começou. O dia em que você a viu, Chase. Katherine me contou que vocês tinham planos de ir à Asteroth para se transportarem ao Olimpo, e que eu precisava ir junto. Ela me empurrou no chão para que você não me visse conversando com ela, e foi aí que os capangas de Morte a capturaram. Quando você finalmente havia sumido, eu desenhei uma porta exatamente onde você estava e fui transportada para muito perto de seu grupo.
Uma noite, Íris me viu. Ela iria gritar e acordar todos vocês, então eu criei uma ilusão que a deixou confusa. Admito que eu iria mata-la, mas no minuto em que minha mão encostou em sua pele, nossos corpos se fundiram. Eu tinha todos os sentidos, mas o corpo que eu habitava não era o meu, e sim o dela. Então eu continuei com o plano, utilizando das memórias de Íris para entrar no Olimpo. Ela ainda está aqui, eu posso sentir, mas sinto tudo isso foi obra de Lilith e que só ela poderá desfazer tal coisa. 
Katherine que armou isso tudo, Chase. Quando você entrou na guerra, ela já havia prendido Aaron, mas sabia que tinha que fazer algo mais para te deixar mais próximo da verdade. Então ela capturou Kratos e deixou um bilhete com Davenport escrito, para que Milena pudesse rastreá-lo mais tarde. Quando Zoe foi atacada por Lilith, Katherine sentiu a necessidade de intervir e a enviou ao Limbo, mas ela conseguiu escapar quando vocês decidiram salvar Aaron.

— E essa é a história completa. – Ariel termina de falar.
Não consigo assimilar tudo de uma vez, mas sei que, se Ariel estivesse mentindo, ela já teria tentado matar todos nós enquanto estávamos desacordados. Os outros agora começam a se levantar e ficam tão impressionados quanto eu com a quantidade de corpos.
— O que vamos fazer agora? – Pergunto.
— Agora nós sairemos do inferno. – Ariel responde.


DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL, FÉLIX E WALTER HUGO
ESCRITO POR - WALTER HUGO
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
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