quarta-feira, 25 de junho de 2014

Império Feminino: Capítulo 26

Capítulo 26: Situações


Nos capítulos anteriores...

Os noticiários só falavam do pedido de casamento de Lúcio à Sônia. O assunto fora comentado até em redes sociais. Virou assunto de tabloides americanos. Rachel estava possessa com toda aquela situação, o jornalista havia dado para trás. Sua chance de destruir Soninha de uma vez por todas havia ido por água abaixo.

 –Maldito seja! –Exclamou a megera, revoltada. –Mas ele vai pagar, bem caro! Eu vou mata-lo.

Rachel jogou sua escova de cabelo no espelho horizontal de seu quarto, quebrando-o. Os olhos dela estavam cobertos por ódio. O plano que ela havia arquitetado há dias havia sido destruído por um qualquer. Deitada sobre a cama, ela olhou para o lado esquerdo de seu quarto e fitou o composto de cianureto em um vidro transparente, sobre sua mesinha de cabeceira.

 –Talvez não tenha acabado, não agora... –Pensou Rachel, sorrindo.

Em caminho para o consultório, Sônia pôde sentir uma sensação de alívio em seu peito. Dessa vez ela assumiria o controle da situação, sem ninguém para dizer a ela o que fazer. Daqui para frente, seria ela e seu filho e mais ninguém. Após chegar ao consultório, seu nome foi logo chamado. O exame foi rápido e o resultado não demorou vinte minutos para ficar pronto.

 –E então doutor? –Indagou Sônia, apreensiva.
 –O resultado deu positivo, você está realmente grávida. –Respondeu o médico.

O calor de ambos corpos fez o choro de Wagner sessar vagarosamente, até que ambos se encontraram adormecidos e abraçados quando Silvana abriu a porta. Dupré chegou em seguida e disse para ela:

 –Não interfira na relação do seu filho e da Soninha, eles têm algo muito especial.
 –Pode ficar tranquilo, o que me assusta não é a ligação deles dois e sim a ligação dela como o João Pedro. [...]

Deitada de costas para Lúcio, que se encontrava dormindo, Soninha imaginava como seria sua vida de casada ao lado dele. O único homem que provou amá-la de verdade, a ponto de assumir esse amor sem medo ou restrições. Mas ainda havia algo que perturbava a jovem, a criança que crescia dentro de seu útero era de João Pedro, o seu grande amor perdido.

 –Querida?

Lúcio acordou beijando o ombro esquerdo de sua noiva.

 –Pensei que ainda estivesse dormindo meu amor. –Disse Lúcio, sorrindo. –Você acorda tão linda.
 –Já estou acordada faz três horas... –Sônia desviava o olhar. –Meus pensamentos estão longe daqui.
 –E no que você está pensando?
 –Em nós dois, no nosso futuro... Já pensou em ter filhos?
 –É o que eu mais quero, um filho.
 –Tem certeza disso tudo Lúcio? Ainda há tempo para voltar atrás. Podemos desistir dessa loucura de casamento.

Lúcio levantou da cama sem responder a pergunta da amada. Após dois minutos ele surgiu da cozinha com um buquê de rosas azuis e aquele típico sorriso no rosto, que conquistava Soninha completamente. Ele se ajoelhou aos pés da cama, beijou a mão esquerda de sua noiva e disse:

 –Viu? –Lúcio sorria como uma criança. –O nosso amor é imbatível. Não podemos mudar o que já está predestinado.
 –Eu não te mereço. –Disse Soninha, sentindo o perfume das lindas rosas azuis. –Definitivamente não te mereço.
 –Eu é que não te mereço meu amor.

Ao voltar da cozinha com um copo de água na mão, Silvana se deparou com João Pedro fitando uma foto 3x4 de Soninha. Os olhos dele estavam focados na fotografia. A vontade de João Pedro de estar com Soninha era notória, principalmente para Silvana.

 –Acho que você deveria ter mais cuidado. –Disse Silvana, sorrindo. –Poderia ter sido outra pessoa em vez de eu.
 –Silvana eu... Eu... Posso explicar! –Exclamou João Pedro. –É que eu achei essa...
 –Por favor, não precisa explicar nada.
 –Sei o que você deve estar pensando, e...
 –Cala essa boca João Pedro!

Silvana não conteve a raiva e jogou o copo cheio de água sobre o amado.

 –Você não tem culpa de estar apaixonado pela adorável Soninha Gouveia. –A frustração era visível nos olhos de Silvana. –A culpada sou eu de acreditar que nosso casamento pode ser recuperado.
 –O que você quer dizer? –Indagou João Pedro.
 –Só não destrua os meus planos de conseguir recuperar o amor do meu filho dando a ele a família que ele sempre quis ver unida novamente. Eu sei que pode demorar um tempo, mas eu vou conseguir.
 –Então...
 –Então isso quer dizer que eu não dou a mínima para quem você goste ou deixa de gostar. Também não ligarei para os seus casos extraconjugais, desde que na frente dos outros e da família você se comporte como um marido e pai exemplar.

Dupré ouviu toda a conversa dos dois e ficou chocado com a situação que Silvana estava se colocando. Sua expressão facial mudou quando Rachel passou por ele, empurrando a cadeira de rodas de Joaquim.

 –O que você faz com o seu marido aqui em cima? –Indagou Dupré, fitando Rachel.
 –Quero mostrar ao meu marido que ele não é um invalido. –Respondeu Rachel, que continuou empurrando a cadeira de Joaquim em direção ao sótão.

Rachel seguiu com seu marido até o sótão, onde ela o empurrou para dentro. O lugar estava todo empoeirado, parecia que não abriam o cômodo há anos. Rachel aplicou na veia do marido um calmante que o manteria desacordado pelas próximas oito horas. Tempo o suficiente para sua visita ao Rafael.

 –Eu não demoro, meu amor. –Disse Rachel, após beijar a testa do marido.

O avião em que Denise estava embarcada havia acabado de aterrissar. Ela se despediu de Flávio, que seguiu seu caminho, mas antes de ele ir, ela disse a ele que nunca desistisse de seu sonho de um dia poder ser estilista. E ele disse a ela para não ser tão dura com seu filho. Denise pegou um táxi e durante o percurso para sua casa, ela ficou refletindo sobre o que Flávio havia lhe dito.

 –Chegamos senhora. –Disse o taxista.
 –Obrigada. –Respondeu Denise, sorrindo.

Denise não estava preparada para o que iria enfrentar, mas algo dentro dela gritava: “Eu preciso ver para crer.”. E foram esses gritos sufocados que a fizeram abrir a porta da sala com a chave extra, sem tocar a campainha. Ela entrou vagarosamente, passou de cômodo por cômodo, até que as roupas de Wagner e Pedro estavam no corredor que dava para o banheiro de cima, onde ambos estavam tomando banho juntos.

 –Dona Denise?! –Indagou Wagner apavorado, que estava encostado na parede de frente para Pedro, que estava de costas para a sua mãe.