Capítulo 26: Situações
Nos capítulos anteriores...
Os noticiários só falavam do pedido de casamento
de Lúcio à Sônia. O assunto fora comentado até em redes sociais. Virou assunto
de tabloides americanos. Rachel estava possessa com toda aquela situação, o
jornalista havia dado para trás. Sua chance de destruir Soninha de uma vez por
todas havia ido por água abaixo.
–Maldito
seja! –Exclamou a megera, revoltada. –Mas ele vai pagar, bem caro! Eu vou
mata-lo.
Rachel jogou sua escova de cabelo no espelho
horizontal de seu quarto, quebrando-o. Os olhos dela estavam cobertos por ódio.
O plano que ela havia arquitetado há dias havia sido destruído por um qualquer.
Deitada sobre a cama, ela olhou para o lado esquerdo de seu quarto e fitou o
composto de cianureto em um vidro transparente, sobre sua mesinha de cabeceira.
–Talvez
não tenha acabado, não agora... –Pensou Rachel, sorrindo.
Em caminho para o consultório, Sônia pôde sentir
uma sensação de alívio em seu peito. Dessa vez ela assumiria o controle da
situação, sem ninguém para dizer a ela o que fazer. Daqui para frente, seria
ela e seu filho e mais ninguém. Após chegar ao consultório, seu nome foi logo
chamado. O exame foi rápido e o resultado não demorou vinte minutos para ficar
pronto.
–E então
doutor? –Indagou Sônia, apreensiva.
–O resultado
deu positivo, você está realmente grávida. –Respondeu o médico.
O calor de ambos corpos fez o choro de Wagner
sessar vagarosamente, até que ambos se encontraram adormecidos e abraçados
quando Silvana abriu a porta. Dupré chegou em seguida e disse para ela:
–Não
interfira na relação do seu filho e da Soninha, eles têm algo muito especial.
–Pode
ficar tranquilo, o que me assusta não é a ligação deles dois e sim a ligação
dela como o João Pedro. [...]
Deitada de costas para Lúcio, que se encontrava dormindo,
Soninha imaginava como seria sua vida de casada ao lado dele. O único homem que
provou amá-la de verdade, a ponto de assumir esse amor sem medo ou restrições.
Mas ainda havia algo que perturbava a jovem, a criança que crescia dentro de
seu útero era de João Pedro, o seu grande amor perdido.
–Querida?
Lúcio acordou beijando o ombro esquerdo de sua
noiva.
–Pensei
que ainda estivesse dormindo meu amor. –Disse Lúcio, sorrindo. –Você acorda tão
linda.
–Já estou
acordada faz três horas... –Sônia desviava o olhar. –Meus pensamentos estão
longe daqui.
–E no que
você está pensando?
–Em nós
dois, no nosso futuro... Já pensou em ter filhos?
–É o que
eu mais quero, um filho.
–Tem
certeza disso tudo Lúcio? Ainda há tempo para voltar atrás. Podemos desistir
dessa loucura de casamento.
Lúcio levantou da cama sem responder a pergunta
da amada. Após dois minutos ele surgiu da cozinha com um buquê de rosas azuis e
aquele típico sorriso no rosto, que conquistava Soninha completamente. Ele se
ajoelhou aos pés da cama, beijou a mão esquerda de sua noiva e disse:
–Viu? –Lúcio
sorria como uma criança. –O nosso amor é imbatível. Não podemos mudar o que já
está predestinado.
–Eu não
te mereço. –Disse Soninha, sentindo o perfume das lindas rosas azuis. –Definitivamente
não te mereço.
–Eu é que
não te mereço meu amor.
Ao voltar da cozinha com um copo de água na mão,
Silvana se deparou com João Pedro fitando uma foto 3x4 de Soninha. Os olhos
dele estavam focados na fotografia. A vontade de João Pedro de estar com
Soninha era notória, principalmente para Silvana.
–Acho que
você deveria ter mais cuidado. –Disse Silvana, sorrindo. –Poderia ter sido
outra pessoa em vez de eu.
–Silvana
eu... Eu... Posso explicar! –Exclamou João Pedro. –É que eu achei essa...
–Por
favor, não precisa explicar nada.
–Sei o
que você deve estar pensando, e...
–Cala
essa boca João Pedro!
Silvana não conteve a raiva e jogou o copo cheio
de água sobre o amado.
–Você não
tem culpa de estar apaixonado pela adorável Soninha Gouveia. –A frustração era
visível nos olhos de Silvana. –A culpada sou eu de acreditar que nosso
casamento pode ser recuperado.
–O que
você quer dizer? –Indagou João Pedro.
–Só não
destrua os meus planos de conseguir recuperar o amor do meu filho dando a ele a
família que ele sempre quis ver unida novamente. Eu sei que pode demorar um
tempo, mas eu vou conseguir.
–Então...
–Então
isso quer dizer que eu não dou a mínima para quem você goste ou deixa de
gostar. Também não ligarei para os seus casos extraconjugais, desde que na
frente dos outros e da família você se comporte como um marido e pai exemplar.
Dupré ouviu toda a conversa dos dois e ficou
chocado com a situação que Silvana estava se colocando. Sua expressão facial
mudou quando Rachel passou por ele, empurrando a cadeira de rodas de Joaquim.
–O que
você faz com o seu marido aqui em cima? –Indagou Dupré, fitando Rachel.
–Quero
mostrar ao meu marido que ele não é um invalido. –Respondeu Rachel, que
continuou empurrando a cadeira de Joaquim em direção ao sótão.
Rachel seguiu com seu marido até o sótão, onde
ela o empurrou para dentro. O lugar estava todo empoeirado, parecia que não
abriam o cômodo há anos. Rachel aplicou na veia do marido um calmante que o
manteria desacordado pelas próximas oito horas. Tempo o suficiente para sua
visita ao Rafael.
–Eu não
demoro, meu amor. –Disse Rachel, após beijar a testa do marido.
O avião em que Denise estava embarcada havia
acabado de aterrissar. Ela se despediu de Flávio, que seguiu seu caminho, mas
antes de ele ir, ela disse a ele que nunca desistisse de seu sonho de um dia
poder ser estilista. E ele disse a ela para não ser tão dura com seu filho. Denise
pegou um táxi e durante o percurso para sua casa, ela ficou refletindo sobre o
que Flávio havia lhe dito.
–Chegamos
senhora. –Disse o taxista.
–Obrigada.
–Respondeu Denise, sorrindo.
Denise não estava preparada para o que iria
enfrentar, mas algo dentro dela gritava: “Eu
preciso ver para crer.”. E foram esses gritos sufocados que a fizeram abrir
a porta da sala com a chave extra, sem tocar a campainha. Ela entrou
vagarosamente, passou de cômodo por cômodo, até que as roupas de Wagner e Pedro
estavam no corredor que dava para o banheiro de cima, onde ambos estavam
tomando banho juntos.
–Dona
Denise?! –Indagou Wagner apavorado, que estava encostado na parede de frente
para Pedro, que estava de costas para a sua mãe.