Capítulo 9- Marcas de um acidente fatal (Parte 2)
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Cinco de Agosto de 2000
Os gemidos durante a
madrugada daquele sábado dentro da suíte de Helena eram literalmente gostosos.
Por cima da empresária, com um sorriso aparentemente prazeroso, Jardel fazia de
Helena a sua amante como em todas as noites anteriores, há quase três anos. As
mãos do belo homem não saiam de cima dos seios fartos e durinhos dela. A transa
já durava mais ou menos uma hora, Helena já havia tido múltiplos orgasmos
seguidos, enquanto seu parceiro se saciava com a penetração e a feição de
satisfação nos olhos dela. Depois de alguns movimentos fortes e rápidos, Helena
pode sentir Jardel dentro dela. O rugido que ele soltara naquele instante havia
sido incrivelmente alto.
Berenice e Helena
subiram para a suíte presidencial dos Gouveia. Blush, colares de pérola, anéis
de ouro, batons vermelho e vestidos elegantíssimos “viviam” dentro do closet da
empresária. Ela e a amiga só não sabiam qual era o certo a usar naquela ocasião
tão importante.
–Não adianta Berenice, eu preciso do Dupré de
qualquer jeito! –Exclamou Helena, nervosa. –Como eu me vestirei sem ele?
–Não se preocupe minha amiga, logo ele
chega... –Respondeu Berenice.
–Você tem razão.
–Helena eu sei que você está preocupada com o
evento beneficente e com qual roupa ir, mas eu queria muito a sua ajuda em uma
coisa.
–Em que? Diga que eu a ajudarei, sabe que eu
sempre faço tudo o que estiver ao meu alcance para ajuda-la.
–É o Jardel, ele anda tão distante de mim,
acho que ele pode estar me traindo. [...]
Toda a sociedade
brasileira compareceu ao evento em combate ao câncer de mama. Atores, cantores
e até mesmo pessoas do governo estavam lá, mas quem mesmo chamou atenção foi
Helena Gouveia, que entrou acompanhada de duas mulheres com a cabeça raspada,
atrizes, para representarem as portadoras do câncer que perderam cabelo e sua
mama. A atitude da magnata foi aplaudida de pé. Helena mais uma vez havia
surpreendido a sociedade, só que dessa vez de um jeito um tanto “sombrio”, pelo
simples fato de todos estarem acostumados a apenas vê-la fazendo alusão a sexo,
fama, dinheiro e dentre outras coisas do tipo. O organizador do evento, Sérgio
Ciccareli, admirou a atitude de Helena e a chamou ao palco para fazer um
discurso.
“Eu sei que espantei muitos presentes aqui hoje com a minha atitude de
comparecer com essas duas atrizes representando mulheres portadoras do câncer
de mama. O mundo me conhece por polêmicas sexuais, fashionistas, fúteis, dentre
outras mais. Sou odiada por ter um dos melhores marketings mundiais e por ter
feito a minha marca ser conhecida ultrapassando os padrões. Porém hoje a
ocasião é diferente, quando eu aceitei esse convite para comparecer ao evento,
eu me imaginei com câncer de mama, tendo que ir a sessões de quimioterapia...
Imaginem só essas mulheres que têm de tirar a mama? Meu Deus é tudo tão
absurdo! O câncer é uma doença incrivelmente pavorosa. Sem contar a perda de
cabelo, do nosso precioso cabelo. É óbvio que após a morte tudo isso acaba, mas
durante a vida nós mulheres sempre lutamos para nos manter lindas e sempre à
frente do nosso tempo. Eu por exemplo, temo a velhice e isso não é segredo a ninguém.
Só que agora temo muito mais o câncer. Espero que a ciência evolua e a cura
contra esse mal surja. Por fim eu gostaria de pedir um minuto de silêncio à
essas mulheres que infelizmente não conseguiram combater o câncer, e as
mulheres que estão lutando pela vida, obrigada.”
Após fazerem
silêncio, todos aplaudiram o discurso de Helena, que desceu do palco sorrindo e
agradecendo. Fotógrafos fotografaram a empresária e Dupré, que estampariam a
próxima edição da Revista Caras, cujo o tema principal seria o combate ao
câncer de mama. Surpreendendo Helena e Dupré, Jardel surgiu de repente no
evento, e tirou a estrela principal de lá de dentro a força pelos braços.
–Mais que brincadeira de mal gosto é essa?
–Indagou Helena, furiosa. –Será que você não viu que tem fotógrafos lá dentro?
–Danem-se os fotógrafos! –Exclamou Jardel,
furioso. –O meu assunto é com você, sua vadia desgraçada!
–Lave a sua boca, antes de me insultar desse
jeito.
–Como você teve coragem de dizer a minha
mulher que estou com disfunção erétil?
–Então isso é o motivo desse escândalo sem
sentido? Mas você é mesmo um idiota! –Helena deu uma bofetada no amante. –Nunca
mais me insulte desse jeito por uma bobagem dessas, ou eu te tiro do lugar onde
te coloquei.
–Eu não preciso de você Helena.
–Creio que precisará, quando a sua mulher
souber que você faz sexo com a melhor amiga dela...
–Nem ouse...
–Cala a boca e escuta! –Ordenou Helena. –Eu
disse a sua “mulherzinha” que você estava com problemas urológicos, por que ela
desconfia que você a trai por não terem uma vida sexual faz tempo, inclusive
ela pediu que eu a ajudasse a encontrar quem era a outra. Está explicado
Jardel?
–Eu não imaginava que...
–Depois desse vexame estúpido, você terá que
se contentar com prostitutas de esgoto, por que o meu corpo você nunca mais
possuirá.
–Helena eu...
–Dupré! –Gritou a megera. –Vamos embora, eu já
perdi toda a minha paciência hoje.
Durante a volta para
casa, Helena olhou através do vidro da limusine e enxergou um casal abraçados,
aparentando estarem recém-casados e apaixonados. Após ver aquela cena, ela
lembrou-se de quantos homens fizeram parte de sua vida, muitos vieram e se
foram... Mas apenas um ficou e só este homem foi capaz de amá-la de verdade,
assim como ela também foi capaz de nutrir um amor incondicional por ele. Helena
olhou para Dupré, sentado ao seu lado, e disse:
–Eu te amo, meu querido. –Os olhos dela
estavam molhados. –Você é muito mais que um simples mordomo, você é o meu
melhor amigo, o marido que eu nunca tive, o companheiro para as horas vagas...
Agradeço minha vida a você.
–Desse jeito eu fico sem graça dona Helena.
–Dupré abraçou sua “diva” e beijou sua testa dizendo: –E você é a mulher que
mudou a minha vida, com a sua coragem e ousadia, sempre mostrando ao mundo que
liberdade de expressão é um direito de todos, independente de qual etnia,
classe social ou país seja.
–Você é o único que me admira por tudo isso,
por que os outros souberam apenas me julgar...
–Julgam por que não têm o mesmo poder que a
senhora tem.
–Obrigada por tudo Dupré, você é o companheiro
perfeito para uma dama.
–E a senhora é a dama perfeita para todos os
homens.
Ao chegar a casa,
Helena notou que seu filho e sua nora já haviam viajado com as meninas. Ela
subiu as escadas, foi até o quarto de Esther, beijou sua testa e lhe desejou
boa noite, em seguida foi para sua suíte e se deparou com Jardel. Ele estava
despojado sobre a cama de bruços como um modelo escultural, totalmente nu.
Helena não conseguiu resistir aos encantos daquele homem lindo e sedutor, que
mais parecia um Deus grego. Jardel recostou à cabeceira da cama e ordenou que
Helena sentasse sobre suas penas, ele a despiu e massageou lhe as costas. Por
fim, sentada sobre as penas do amante, Helena já o sentia dentro dela. Ele já
havia penetrado e possuído aquele corpo perfeito... Jardel levou seus dedos à
boca de Helena, enquanto ambos faziam sexo encostados à cabeceira da cama.
–Por que se rendeu? –Indagou Jardel, por cima
da amada gemendo. –Disse que eu nunca mais possuiria seu corpo, disse para eu
procurar uma prostituta de esgoto.
–Eu não pude resistir... –Respondeu Helena,
prestes a ter um orgasmo. –Por favor, me possua.
–Implore, vamos Helena implore!
–Me possua Jardel! Me possua!
–Com o maior prazer, sua vadia!
Do lado de fora da
suíte, com o copo na porta, Berenice ouviu os gemidos de prazer de seu marido e
sua melhor amiga. Ela mal podia acreditar que aqueles dois haviam lhe traído de
uma maneira tão sórdida. A vontade dela era de abrir a porta da suíte com a chave
extra, mas Berenice sentia que sua vingança seria melhor do que um simples
escândalo. Voltando para seu quarto, ela se dirigiu há um dos banheiros do
palacete, se olhou no espelho e disse:
–Os dois irão me pagar muito caro!