Capítulo 13: A ressureição do passado em sua melhor forma
Nos capítulos anteriores...
Após sair do brechó das irmãs Silva, Silvana
entrou no carro onde deixou suas bolsas plásticas com roupas e se dirigiu até a
loja da Louis Vuitton. Ao entrar no ambiente, ela se deparou com Clarinha
Amaral levando a bolsa de couro mais cara da loja. Clarinha Amaral, alta,
loira, olhos azuis, aparentando ter no máximo uns vinte e cinco anos, com um
corpo escultural de dar inveja em diversas adolescentes de dezesseis anos.
Aquela mulher foi “amiga” de Silvana, uma traidora que roubou seu primeiro
marido. Se Clarinha havia retornado depois de anos a sua vida, era bem provável
que seu primeiro marido João Pedro, retornasse das cinzas para lhe atazanar.
–Clarinha?!
Mais que surpresa querida. Ainda naquela vida de roubar homens casados?
–Sempre
irônica... E você, já se casou de novo? Será a sexta vez, não é mesmo?
–Não
sabia que a minha vida conjugal interessava a você... Desde quando Clarinha
Amaral é jornalista? Que eu saiba você se sustentava com o dinheiro arrecadado
dos seus casos extras-conjugais.
–Você me
paga Silvana...
Uma fila enorme se estendia na entrada da boate Dance Dance Dance!, do lado de fora era
possível ouvir a música tocando. Silvana entrou surpreendendo a todos, a perua
havia saído do luto e estava pronta para arrasar na pista de dança. A música Hung
Up, da cantora Madonna começou a ser executada. De repente todos faziam a
coreografia como no clipe, sem perder tempo, Soninha entrou no meio e desbancou
Silvana com seus passos de dança. Em mais ou menos quatro minutos de música
quando a introdução começou a tocar, um homem moreno, alto, de olhos verdes e
um corpo extremamente lindo, caminhou em direção a Soninha. Ele agarrou-a,
roubando-lhe um beijo, fazendo com que as outras pessoas se afastassem e ambos
ficassem no meio da pista como o centro das atenções. O tal homem era João
Pedro, o primeiro marido de Silvana. [...]
Entrelaçada nos braços do desconhecido, Soninha
se rendeu aos encantos do homem “perfeito”, sentiu a boca dele colada na sua.
Naquele instante os flashes dos paparazzis pareciam não importar, o que a jovem
sentia era único, um tipo de força sobrenatural que a puxava para dentro de
João Pedro, que mostrou a ela sua pegada de macho. Silvana enxergava aquela
maldita cena junto com as outras pessoas que aplaudiam o beijo do casal, os olhos
da mulher estavam carregados de lágrimas, aquele homem um dia fora seu marido,
viveram dois anos em baixo do mesmo teto, tiveram um filho e acabaram um contra
o outro em um tribunal para discutir o divórcio conturbado desencadeado por um
caso extraconjugal por parte dele. Silvana limpou as lágrimas e saiu da boate,
cercada de fotógrafos e jornalistas que queriam uma “palhinha” em relação a
todo o acontecido.
–Como a
senhora se sente ao rever o pai de seu filho após tantos anos?
–Foi
doloroso encontrar João Pedro beijando outra mulher?
–Wagner
sabe que o pai voltou para São Paulo?
–Calem a
boca! –Com os hormônios a flor da pele, Silvana agrediu um dos jornalistas. –Se
fizerem mais uma pergunta, eu destruo a carreira de vocês malditos!
O casal que ainda se beijava, foram separados
pelas lentes dos fotógrafos. Após cair em si, Soninha descobriu em meio a tanta
confusão que aquele homem era o pai de seu sobrinho, desesperada e sem saber o
que fazer, ela deixou João Pedro e saiu correndo para a saída da boate. Depois
de caminhar durante dez minutos, Soninha sabia que os jornais de amanhã
noticiariam a polêmica que envolvia uma das netas de Helena Gouveia, correndo o
risco de ter seu rosto revelado em uma das fotos, ela pegou o celular e ligou
rapidamente para Dupré.
–Dupré eu
fiz uma das piores besteiras na minha vida! –Exclamou Soninha. –Me perdoa, por
favor, me perdoa!
–O que
aconteceu menina? –Indagou Dupré. –Se acalme e fale devagar...
–Eu te
desobedeci e saí de casa, fui a uma boate e por acaso do destino Silvana também
estava lá.
–Continue...
–O
primeiro marido dela entrou e como uma nuvem de fumaça, me pegou desprevenida e
roubou-me um beijo, fotógrafos e paparazzis vão vazar essa polêmica amanhã.
Todos saberão o meu rosto antes do tempo!
–Meu Deus
o que foi que você fez?! Eu te disse pra não sair de casa, mas é tão teimosa
que me desobedeceu e agora está em um mato sem cachorro.
–Acabou
não é?
–Não...
Volte pra casa, deite a cabeça no travesseiro sossegada, eu darei um jeito na
situação.
–Como?
–Só faça
o que eu mandei... Tenho que desligar, Silvana virá falar comigo.
–Obrigada
Dupré.
–Agradeça
me obedecendo!
–Farei...
O barulho da limusine entrando no palacete, fez
com que Dupré esperasse uma de suas protegidas na porta de entrada. Ao passar
pela porta, Silvana tirou os óculos escuros e abraçou Dupré, sem derramar uma
lágrima, mas gritando por dentro. Ambos subiram as escadas e foram para o
quarto dela. Silvana entrou em seu banheiro, retirou a maquiagem do rosto com
água e em seguida deitou na cama, com a cabeça sobre o colo de Dupré.
–Você já
sabe? –Indagou Silvana. –É obvio que sabe...
–Não se
preocupe, darei um jeito nos jornalistas. –Respondeu Dupré. –Definitivamente,
não precisamos de um escândalo nesse momento.
–Está
fazendo isso pra proteger a mim ou a reputação da família?
–Estou
fazendo isso por você e pelo Wagner. O menino deve viajar em paz e você deve
esquecer o João Pedro de uma vez por todas.
–Aquele
homem é um canalha! Entrou na boate e agarrou uma mulher, ele sabe que eu
frequento aquele lugar.
–Ele
também sabe que você ainda o ama.
–Não sei
mais o que fazer Dupré... Os acontecimentos nesses últimos meses andam sendo
muito difíceis de aceitar.
–Você irá
superar.
–Com o
meu filho longe de mim durante o Natal e réveillon?
–Pense
nele e esqueça essa noite. Se o Wagner é tão importante para você, esqueça o
João Pedro. Não por você, mas sim pelo seu filho, que sairá ferido quando
souber que o pai está de volta.
–Farei
Dupré, farei...
A turbulenta noite paulista estava longe de
acabar. Rachel ficou sabendo do escândalo através de um de seus amantes, que
tirou fotos amadoras do “casal 20”. Deitada sobre o corpo ereto de Alcides, a
estilista beijava a nuca dele, sentindo todo aquele volume dentro de si. Após o
sexo, ela queria detalhes de tudo, até das partes mais sórdidas.
–João
Pedro entrou mais bonito do que nunca e agarrou a primeira que viu dançando. –Disse
Alcides. –O beijo foi incrivelmente intenso, parecia coisa de cinema.
–E a minha
prima? –Indagou Rachel. –Como ela reagiu?
–Silvana
agrediu alguns paparazzis, ela ficou totalmente fora de si... A parte da
agressão foi a melhor, por que eu consegui fotos.
–Mesmo
Alcides?
–Sim,
querida.
–Eu vou
ganhar na loteria se essas fotos vazarem.
–E eu, o
que ganho?
–E o que
você quer?
–Sexo.
–Nem precisava pedir.
Antes do amanhecer, Dupré conseguiu fazer com
que todas as revistas de fofocas desistissem da publicação do escândalo na
boate Dance Dance Dance!, envolvendo Silvana e
Soninha, dando uma boa quantia a ambas... Claro que algumas desconhecidas, não
aceitaram e alegaram publicar a matéria, porém não tinham recursos o suficiente
para saberem quem era Soninha e seu público alvo era pequeno. Depois do feito,
o mordomo ligou para uma de suas protegidas.
–Fique
tranquila, eu consegui contornar a situação. –Disse Dupré, a Soninha. –Amanhã
ninguém saberá o que aconteceu, a não serem as pessoas que viram.
–Obrigada
Dupré, muito obrigada. –Agradeceu, Soninha.
–Tudo bem
minha querida.