– Ainda pergunta? Claro que sim! – Melissa
aceitou o convite da mulher sem ao menos se lembrar de um detalhe: como ela
poderia ir a um shopping se queria que todos ainda pensassem que ela estava
morta?
O acidente era apenas mais um para a
grande cidade de São Paulo, pois era comum esse tipo de desastres, e
principalmente à noite. Os quatro corpos foram levados imediatamente para o
hospital logo depois de dez minutos da batida. Mas sós três sobreviverem. Os
três negros. Já o branco, foi levado para cima, ou para baixo, respectivamente
para o céu ou o inferno. Mas o que encabulava os investigadores era o enorme
número de armas no porta-malas. Seriam criminosos? Traficantes de armas?
Eliana estava totalmente confusa. A sua cabeça estava cheia de hipérboles. Não tirara ainda a hipótese da tal mulher que lhe mostrou as fotos estar mentindo. Mas naquele momento ela estava irritada mesmo era com o desastre ocorrido.
– Teria que acontecer esse acidente justo
ontem? Quando a gente mais precisava dos capangas? – Eliana fez essa pergunta
para Luigi. Os dois estavam deitados na cama. Ela, de camisola, e ele, de
sunga. Depois de um caloroso beijo, Luigi a respondeu:
– Credo, Eliana. Tá parecendo é aquela loira
que esquartejou o japonês.
– Credo você! Não tá vendo que eu sou morena e
ela é loira?
– To falando da maldade, sua gostosa.
E os dois se envolveram com mais um beijo, e
se enrolaram por baixo do cobertor, trazendo entre os corpos uma descarga de
desejo, e uma pitada de excitação.
Longe do calor do desejo, e dentro de um carro, se contendo para não ‘morrer de ira’ Angélica espiava Melissa entrar no veículo. Esperou a mesma colocar o cinto de segurança, e checar se seus documentos e cartões de créditos estavam em sua bolsa. Depois disso, Melissa olhou para a cunhada ‘querida’, e sorriu:
– Podemos ir.
Durante o percurso até o shopping, Angélica
tentou disfarçar várias vezes a vontade de olhar no fundo dos olhos de Melissa,
para poder mostrar que é forte e que pode vencê-la. Mas se faria isso, seus
planos cairiam do penhasco. Ou desabariam. Ela precisava conter tudo isso, e
improvisou, fazendo perguntas que toda mulher faz:
– Nunca se casou Melissa?
– Já me casei sim, Angélica. – Ela respondeu
orgulhosa, pois estava mostrando que também já teve um homem.
– Por que se separou?
Não houve resposta naquele exato momento. Melissa
apenas refletiu em si, sabendo que a mulher ao seu lado era a grande causadora
das brigas entre ela e seu ex-marido e também fora ela que causara a separação.
– Problemas comuns. Brigas idiotas.
– Meu marido me traía, e com minha irmã. –
Angélica disse isso, a fim de que Melissa pudesse saber de sua vida, mas ela
nem se dava conta que a mesma estava ainda mais informada.
– Um cafajeste. Desculpe-me a palavra.
– Cafajeste é pouco. Pode chamá-lo como
quiser. E a Eliana é outra vagabunda. –
Angélica desviou de um buraco, e parou o carro logo à frente. Estavam em cima
de uma ponte. Ninguém estava passando pela rua. Ninguém.
– Por que parou? – Melissa perguntou, não
entendendo nada.
– Acho que o pneu furou. Poderia descer e
olhar pra mim. É o dianteiro esquerdo.
– Claro. – Melissa descendo do carro,
começando a desconfiar e ao mesmo tempo tentando disfarçar para evitar
problemas maiores. – Não, não está furado. – Disse isto antes de voltar à porta
e tentar abrir.
– Está trancada!
Angélica acelerou o automóvel, começando a
dirigi-lo bem devagar. Melissa corria atrás, batendo na lataria do carro.
Angélica abriu o vidro da janela ao seu lado, para que Melissa pudesse ouvir as
seguintes palavras:
– Isso é pra você aprender que quem se mete
comigo se ferra. Eu não sou má. Mas também não gosto que façam mal comigo.
Entendeu?
– Do que você tá falando? – Ela deu um soco no
vidro da janela. – Me deixa entrar, Angélica!
– Espero que você aprenda essa lição, e possa
obedecer aos seus novos professores. Até mais, querida.
E ela acelerou o automóvel vermelho mais uma
vez, deixando para trás a ruiva vingativa, que ainda tentava entender o que
estava acontecendo. De repente sentiu algo encostado em si. Virou-se e pôde ver
dois homens com muitos músculos. As camisas que elas usavam eram coladas no
corpo, fazendo o peitoral ficar ainda maior, e dando uma impressão de que eles
frequentavam academia. Um deles estava com uma mão no ombro de Melissa. A
última indignou-se, deu uma tapa em seu braço.
– Me solta, cara. Eu nem te conheço.
– Olha como fala, periguete.
E
ele meteu um soco em seu rosto. Ela caiu ao chão, passando as mãos no local
para se certificar se estava sangrando. E levou um chute nas costelas. Dessa
vez ela gemeu de dor. O outro homem se aproximou e agarrou um de seus braços, a
puxando do chão, e deu outro soco na boca do estômago. Ela gemeu novamente. E
levou mais dois socos no rosto, que por sinal, já estava escorrendo sangue.
– Por que você tirou aquelas fotos
da Angélica? Conta!
– Do que você tá falando, cara? –
Ela tentou disfarçar.
E
foi agredida mais uma vez no rosto.
– Abre o jogo. Pra que aquelas
fotos?
– Era pra eu postar na rede e... –
Ela fez uma pausa, exausta de apanhar. – E mostrar para o marido e a irmã dela.
Pra eles saberem que ela tá viva. E eles já viram. E planejaram algo contra ela
e...
Ela levou outro chute na costela,
caindo ao chão novamente. Um dos homens encostou seus pés ao corpo dela caído e
manchado de sangue, e falou, ameaçando-a:
– Boa garota. A partir de agora, é
melhor parar com esse negócio de postar foto. Ou a dona Angélica manda te
matar. Tá entendendo?
– Entendi sim, cara, entendi. – Ela
respondeu, não tendo saída. Suas mãos estavam na barriga para tentar conter a
dor.
Os dois homens se afastaram
deixando-a ali. Entraram em um carro estacionado na beira da rua. Em questão de
segundos, já estavam andando pelas ruas. Um dirigia, e o outro falava ao
telefone.
Ela confessou tudo.
– O que ela disse? – Perguntou a voz
do outro lado da linha.
– Que tirou as fotos pra postar na
rede e mostrar pro teu marido e pra tua irmã. Eles viram, e conforme ela disse,
a senhora tá na mira deles.
O homem estranhou o motivo de Angélica não ter
respondido. Pois na verdade, na casa de Miguel, e no quarto, o seu telefone se
encontrava despedaçado ao chão. Ela estava com os olhos cheios de água. Pela
primeira vez na vida sentira medo daqueles dois.
COLABORADORES - LUIZ GUSTAVO E MÁRCIO GABRIEL
APOIO - VICTOR MARÇAL
DIREÇÃO DE ARTE - VICTOR MARÇAL e
MÁRCIO GABRIEL
ESCRITO POR - WILLIAM ARAUJO
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