segunda-feira, 10 de março de 2014

A ERA DOS MORTOS - 28


CAPÍTULO 28



Foi tudo muito fácil. Entrar em Parnaso durante aquela chuva estranha foi a tarefa mais fácil que Lex fizera desde que todo aquele pesadelo havia começado. E tudo porque os zumbis não faziam mais nada além de ficar olhando para o céu, contemplando a chuva assolá-los com violência. Lex poderia ter ido até mesmo àquela farmácia da Avenida Atlântida, mas resolveu não abusar da sorte.

Entraram num bairro menos populoso e circundaram até encontrar uma farmácia. Enquanto Briam ficou de guarda no carro, Janaira e Lex invadiram a farmácia, arrombando a porta. Apesar do som alto do tiro contra a fechadura da porta, nenhum zumbi ousou desviar o olhar da chuva. Sorrindo, Lex e Janaira entraram na farmácia e usando uma sacola que havia no caixa, apanharam a maior quantidade de remédios possível como xaropes, paracetamol e, claro, amoxicilina.

Na volta para o supermercado, decidiram parar num posto de gasolina, pois o tanque havia se esvaziado. Demorou um tempo até Lex aprender a usar a bomba, mas depois disso passou a encher o tanque ao máximo que pudesse, não sabia quando poderia usar o carro novamente.

Enquanto esperava o tanque se encher, observou ao longe o pico Lanister. Imaginou por alguns segundos se o velho Lanister estaria vivo. A lembrança que havia invadido sua mente quando fora atacada e mordida por mortos vivos ainda estava viva em si. Lanister fora seu pai por cinco anos e tentou ajuda-la. Tentou curá-la. Tentou não, ele a curou, de fato, modificando seu corpo para ser mais forte do que uma pessoa normal. Sabia agora que se havia sobrevivido ao ataque de Brandon há três anos atrás e a tudo o que ela vinha sofrendo era porque Alastor Lanister a havia transformado em algo diferente há vinte anos atrás. Ela fora mordida, tinha a cicatriz no pulso que sempre mantinha escondida para lhe provar que fora atacada e, ainda assim, nada lhe ocorrera. Era óbvio para ela que, não importava o que Lanister lhe fizera, era aquilo que a manteve a salvo do vírus. Mas e Lanister?

Estaria ele vivo ainda?

- É melhor irmos logo. – falou Janaira ao perceber que o tanque estava quase cheio.

- Janaira... Briam... eu preciso ir até a casa do Sr. Lanister.

- O que? – falou Janaira, sem acreditar no que ela havia dito.

- Preciso ir até lá... preciso saber se o velho ainda está vivo! – falou Lex. – Vocês podem ir. Eu dou um jeito.

- Não! – falou Briam. – Temos que ir todos juntos. É mais seguro.

- Não é seguro porra nenhuma! – retrucou Janaira, tomada pelo medo – Vamos, Lex. Você precisa levar esses remédios para a sua irmã e a casa do Lanister pode estar infestada.

- Está! – revelou Lex - mas não teremos outra oportunidade. Essa chuva é um sinal de que eu preciso fazer isso. Talvez não haja outra chuva como esta para...

- Exatamente! – falou Janaira, a beira do desespero – E se essa chuva passar? E se de repente estivermos cercados por mortos-vivos, hein?

- Então é melhor fazermos isso logo! – falou Briam, fazendo Janaira desistir da discussão por ora, mas a bela morena continuou a reclamar durante a breve corrida até o pico Lanister que estava quase vazio de zumbis, o que não acontecia no pico, onde ficava a mansão Lanister.

O carro parou diante do portão caído da mansão Lanister. De fato, os jardins do casarão estavam infestados de mortos-vivos.

- Prontas? – perguntou Briam, antes de acelerar o carro.

Os mortos não saíam da frente, mesmo quando empurrados com o carro que se movimentava lentamente para não atrair a atenção dos zumbis.

Na estradinha de acesso a mansão, Briam acabou atropelando alguns zumbis, mas nem isso fê-los desviar a atenção da chuva que caía pesadamente.

Dessa vez, Briam também saiu do carro depois de Lex e Janaira. Os três subiram a escada para a entrada da mansão e se protegeram na marquise. Apesar de marcas de arranhadura, a porta ainda estava fechada. Lex olhou para a fechadura eletrônica. Imaginou que mesmo que ainda tivesse o cartão, não poderia entrar, pois não havia mais energia.

- Está fechada! Vamos embora! – falou Janaira, mas para a supresa dos três, a porta se abriu.

- Srta. MacNichols? Ainda está viva?

Lex sorriu ao ver o sr. Lanister. Ele estava muito magro e abatido, mas estava vivo. Uma estranha sensação tomou conta de Lex. Antes ela o via sempre como um velho maluco que havia condenado o mundo inteiro com o ímpeto de ajudar a própria filha, mas agora parecia que via Lanister com outros olhos. Lembrava-se da sua infância. Lembrava-se de quantos dias ele passara ao lado de sua cama, zelando por seu sono, implorando aos céus para que a cura enfim lhe fizesse efeito. E tomada pela emoção, Lex o abraçou, aninhando-se nos braços do seu primeiro e esquecido pai.

- Srta? – disse Lanister, sem entender muito, mas retribuiu o carinho, abraçando-a. – Você está bem? O que aconteceu?

- Estamos todos bem! – falou Lex, afastando-se. – Na verdade, eu precisava vê-lo, há algumas coisas que preciso lhe contar. Onde está Maria?

- Maria morreu há quinze dias atrás. Pneumonia eu acho. Não consegui trata-la.

- Pneumonia? – repetiu Lex achando aquela coincidência estranha demais. E se não fosse coincidência. E se fosse algum vírus no ar que poderia atacar a todos os sobreviventes? – Sr. Lanister, há alguma coisa errada....

De fato, havia alguma coisa errada.

Uma bomba, talvez. Alguma coisa estranha.  Primeiro foi o barulho, tão estridente que fez o ouvido de Lex se ensurdecer por alguns minutos. Ainda assim, conseguiu sentir o chão tremer e depois veio a luz, uma luz forte.

- Estão atacando! – escutou o Sr. Lanister dizer, mas sua voz estava longe. Janaira e Briam tinham se jogado ao chão e antes que Lex pudesse imaginar o porque, viu que seis homens armados invadiam a mansão Lanister com rifles empunhados nas mãos.

- Pro chão! AGORA!


ESCRITO POR - ELIS VIANA
DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL
DIREÇÃO - FÉLIX
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
© 2014 - TODOS OS DIREITOS RESERVADOS