CAPÍTULO 27
- Querido? Oh, querido, você está ensopado! Nós esperaríamos até você se lavar, não precisava vir diretamente para cá. – falou Barbra quando Jack entrou no laboratório e se sentou na mesa onde já estavam Casper, Bio e Brandon.
- Estou bem assim! – falou Jack,
inexpressivamente. – Se é necessário fazer isso, é melhor que façamos logo! Há
muito trabalho a se fazer e reuniões nunca levam a nada!
- Talvez Barbra deva começar! – falou
Bio, um pouco inseguro.
- Bem... só gostaria de dizer que achei
o problema no equipamento. Os técnicos encontraram um dispositivo que
embaralhava o nosso sinal. Nós conseguimos estabelecer o contato com a
Trevor & Associados. Os computadores estão funcionando e conseguimos enviar
e receber dados com uma conexão via satélite, conforme havíamos planejado. O
problema foi o sinal de rádio. Assim que estabelecemos o sinal do rádio,
captamos estranhas frequências, Jack. Conseguimos interceptar as
comunicações entre aquilo que achamos ser A Cidade e algumas unidades
móveis.
Barbra revirou alguns papeis onde
algumas conversações haviam sido transcritas.
- Pelo que parece, eles estão atrás de
Paris Lanister. É isso. Conseguimos interceptar essa frase: “Encontrem Paris
Lanister. Prioridade alta!”.
Jack revirou-se na cadeira, com uma expressão
preocupada.
- Estão atrás de Alexia? – balbulciou
ele e olhou discretamente para Brandon. O psiquiatra levantou os olhos para ele
e o olhar que cruzaram não foi dos melhores. – Isso não é estranho?
- Você não deveria ter deixado a garota ir embora! – comentou Barbra. – Você deveria tê-la executado.
- Você acha mesmo? – perguntou Jack,
ironicamente. – Eles estão atrás dela por algum motivo. Talvez ela seja mais
importante do que supúnhamos.
- Ora... é óbvio, não? – falou Barbra
com ferocidade – A garota era uma espiã. É óbvio que era é importante para
esses malditos filhos-da-puta!
- Espiões são recursos... meros
recursos. – falou Jack, olhando de soslaio para Brandon. – Recursos que podem
ser perdidos. Ninguém coloca prioridade alta na recuperação de um recurso. Não
há lógica nisso.
- Você está dizendo que talvez ela
estivesse dizendo a verdade. Que ela não era uma espiã? – perguntou Bio,
parecendo genuinamente confuso – Mas e a pasta?
- A pasta foi encaminhada até aqui pelo Sr. Lanister. E se o Sr. Lanister quisesse nos fazer crer que ela era uma espiã, sendo ela inocente o tempo todo?
- Mas porque ele a enviaria até aqui,
se ele a tinha o tempo todo? Isso é que não tem lógica! – falou Barbra. – Acho
que a situação é outra. É óbvio que ela é uma espiã com informações
importantes, mas deve ter sido atacada por mortos-vivos. Ela deve estar morta
em algum buraco e eles devem estar atrás das informações que ela possui.
- Não, não está! Alexia não está morta!
– falou Jack. Ele não olhava para Brandon diretamente, mas prestava atenção em
cada movimento, até mesmo na respiração do psiquiatra. – Eu sei onde ela está e
sei que ela não está na Cidadela!
- Você sabe? Como assim? – perguntou
Barbra, fervendo de raiva.
- Eu a segui. Eu sei exatamente onde
ela está! – disse ele, sorrindo internamente. Estava preparando a armadilha e
esperava que fizesse efeito aquilo que planejava.
- E onde ela está? – perguntou Bio, mas
todos na sala se agitaram diante da explosão de Jack Trevor. Era o que ele
planejava. Aguçar a curiosidade deles. Desde que Lex se alojara naquele
supermercado na rodovia para Parnaso, Jack desconfiava de que ela, enfim,
estava falando a verdade. Gostaria agora, de poder provar o que de fato ela
era.
- Ela está na mansão Lanister. É onde
ela está! – mentiu ele, olhando discretamente para Casper que lhe retribuiu o
olhar. Ambos sabiam onde Alexia estava na verdade, mas aquela informação
imprecisa fazia parte do plano que haviam elaborado para esclarecer a situação.
A reunião terminou logo. A discussão
ficou em torno do que fariam a respeito da Cidadela, mas os cinco concordaram
que a melhor coisa a se fazer era ficar fora do radar. As comunicações por
rádio deveriam ser interrompidas e as por satélite deveriam ser criptografadas
para dificultar a vida da Cidadela, caso fossem interceptadas. Jack deu ordens
para intensificar o treinamento dos agentes e também deu ordens para a captação
de recursos em Parnaso, a fim de suprir o estoque de mantimentos.
Assim que se esgotaram os assuntos,
Jack levantou-se e saiu do laboratório. Entrou no quarto, mas não cerrou a
porta. Ficou atento a cada movimento e quando escutou passos se afastando, saiu
do quarto discretamente. Viu as costas de Brandon sumirem na porta que dava
acesso às escadarias. Esperou alguns minutos e o seguiu. Escutou os passos dele
sumindo nas escadas acima e o seguiu. Quando chegou ao andar da guarita, os
quatro agentes que estavam de guarda viraram para ele, meio assustados.
- Sr. Trevor! – falou um deles. – Algum
problema?
- O Dr. Brandon passou por aqui? – perguntou ele.
- Sim, senhor. Ele subiu. Disse que não queria ser interrompido.
Jack subiu as escadas para o terraço. Antes de alcançar o teto, olhou em volta para ver se via Brandon. Ele estava bem a frente e abria uma valise, muito parecida com a que Alexia trouxe no primeiro dia que chegou à fortaleza. Mas não era uma mala comum. Dentro, havia um telefone que funcionava com sinal satélite.
- Tenho informações sobre o paradeiro de Paris Lanister, câmbio!
Jack escutou Brandon e teve raiva de si mesmo. Aquilo era a prova viva e certa de que Brandon era o espião o tempo todo. Ele armara para Alexia que era inocente. Maldito Brandon. Jack estava feliz por um lado, afinal, provara que tudo o que Alexia alegara era a verdade, mas por outro lado, estava infeliz. Seria Brandon o mostro que Lex pintara? Seria Brandon capaz de violentar uma mulher, tortura-la física e emocionalmente? Seu amigo, um maldito filho-da-mãe...
- Pode falar, câmbio! – disse a voz no
outro lado da linha.
- Paris Lanister está na casa de Alastor Lanister, eu repito. Paris Lanister está na casa de Alastor Lanister. Aguardo instruções! – falou Brandon em alto e bom tom.
- Confirmado, câmbio! Continue no papel,
uma equipe de busca deverá ser acionada em breve...
Brandon encerrou a ligação e fechou a valise, quando se virou, Jack percebeu o psiquiatra ficar tão branco quanto um fantasma ao vê-lo.
- Er... Jack... que susto você me
deu... eu estava...
- Me traindo... como tem feito durante todo esse tempo. – falou Jack, tentando segurar-se. Sua mão estava ao alcance da Colt no coldre bem fechado no dorso. Mas não iria mata-lo. Precisava dele, precisava de todas as informações que ele possuía.
- Amigo... não sei o que você escutou,
mas acho que está interpretando errado...
- Claro! – disse Jack, num tom irônico. – Eu te interpretei errado desde o minuto que nos conhecemos naquele maldito hospital. Vamos, Brandon... abre o bico. Qual é o seu papel aqui? Qual o interesse de Abraham Smith em Alexia MacNichols e qual o interesse dele na minha fortaleza?
Dessa vez foi a vez de Brandon sorrir
ironicamente.
Tudo aconteceu num segundo. Brandon
simplesmente veio pra cima, derrubando Trevor com a valise. Jack tentou alcançar
a arma, mas Brandon o atacou e os dois passaram a lutar corpo a corpo. Trevor
dispensou dois socos no estomago do psiquiatra e quando ele o largou, Jack
alcançou a arma e com a coronha atingiu o médico três vezes antes de vê-lo
desmaiar.
Jack levantou-se aturdido. Gostaria de
pensar que Brandon não era o rato que demonstrava ser. Que ele não havia
expulsado Alexia injustamente e a exposto a perigos mortais depois de tudo o
que ela sofrera. Ela jamais o perdoaria por isso, mas era seu dever busca-la e
mantê-la a salvo, mesmo se ela não quisesse. Mas antes, era a hora de
ficar de tocaia na Mansão Lanister e verificar como os agentes da Cidadela
agiam...
ESCRITO POR - ELIS VIANA
DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL
DIREÇÃO - FÉLIX
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
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