sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Assim que Amanhecer - Capítulo 02



    – Mas... E se a Angélica perder? – Disse ele, pessimista, enquanto continuava ouvindo a explicação da amante.    – Torça pra isso, meu amor. Pois se ela ganhar, eu só sei que eu quero desgraçar com ela, no dia mais feliz de toda a sua vida. Porque esse dinheiro vai ser todo meu. Eu vou ter prazer de ver ela ‘morrendo’. Já to cansada, Luigi. Cansada! Ela sempre era a preferidinha. Depois que nossa mãe morreu eu tive que a aturar, até ela se casar com você. E foi aí que fizemos o pacto: destruir ela juntos.
     – Será que você só pensa em dinheiro?
     – E você só pensa em sexo? – Ela o desafiou – Meu filho, você se casou com a Angélica pra poder transar com ela quando quiser. Disso sei muito bem. Não venha querer ter razão, pois não tem.
      – Tá, é verdade. Mas não vem ao caso agora. O que eu acho é que essa sua ideia de matá-la no dia do concurso, se ela vencer, é claro, é muito... Equivocada. Por que não esperamos pelo menos uma semana? Se ela vencer, temos muitos meses e...
     – Não. O nosso trato terá de ser esse. A chácara aguarda com todos os materiais precisos, Luigi. Se ela vencer, é hoje ou nunca. Entendeu? Hoje ou nunca! Lembre-se: poderemos ficar com toda a minha fortuna. Toda. Toda!

Ela se virou para o lado, e riu da cena: uma mulher deixava cair um brinco no chão. A criancinha, que devia ser o filho, foi pegar, mas não pôde. A mãe lhe deu uma tapa. O moleque começou a chorar e ela pôs o brinco de volta.




    O desfile finalmente havia começado. As candidatas eram as mais belas. Afinal, era um concurso de “Miss Universo”. Representando o Brasil estava Angélica Waltsalles. Antes de a mesma entrar na passarela, para poder se exibir aos jurados, sentiu que algo iria acontecer. Estava com um forte frio na barriga.
    – Representando o Brasil: Angélica Waltsalles. – Disse o apresentador do concurso.
A mulher chamada paralisou ao escutar aquilo. Não estava a fim de entrar. Mas um empurrão de outra candidata – Inglesa, por sinal – Fez com que ela tomasse uma atitude:
    – Is you!
   Parecia estar destreinada. Mas não era motivo para os jurados não gostarem. Ao contrário: era a primeira candidata realmente bela. Sua beleza era extraordinária – Magnífica. Seu sorriso estampado lembrava Britney Spears, ou até mesmo Ellie Goulding. Mas era Angélica. Angélica Waltsalles.
           
O homem segurava em suas mãos um papel – O que mudaria o destino de uma das candidatas. Antes de abrir, ele checou se todas estavam ali, ansiosas. E sim, estavam. Por fim, abriu o envelope. Fez um suspense, mas soltou o nome da vencedora, ou a nova “miss universo”.
    – Angélica Waltsalles.
Ela pulou. Gritou. Chorou. Fez tudo o que uma ganhadora faria. Havia ganhado o concurso. O coração bateu forte na hora de receber a faixa e coroa.
    Aplausos e fotografias foram o que não faltaram em sua saída até seu carro. Ficou cerca de uma hora registrando o momento. Mas chegou a hora de ir para casa. Não queria ir ao mesmo dia começar a fazer tudo que uma miss faz. Queria descansar. Seu marido entrou na limusine e se sentou ao lado.
     – Sabia que você ia ganhar Angélica. Eu sabia!
O motorista observava cada gesto que o homem fazia para ela.


    Eles foram para uma chácara. Num lugar tranquilo. Era escondido e sem qualquer chance de os encontrarem. Mas claro que antes trocaram de carro. Limusine não é de andar em estrada de chão. Pegaram uma Hilux.
     O marido, que dirigia, estacionou o carro na garagem da mansão escondida. Desceu para abrir a porta a fim de que a esposa fizesse o mesmo. Angélica foi sorrir, mas Luigi tampou sua boca.
     – Feche os olhos. Não há saída alguma, meu bem.
           
Ele a levou aos gritos para uma cerca. Seu material era simples e firme: madeira e aço. Angélica gritava, tentando se soltar. Mas não obteve sucesso. Ele a jogou contra a cerca. Imediatamente a miss sentiu outra pessoa a amarrando. Finalmente estava presa, e pôde ver quem era o outro ser que estava ao lado do marido.
   – Triste fim. Agora o dinheiro da mamãe vai ser todo meu, Angélica – Disse Eliana.
    – Desgraçada. Você não pode!
   – Claro que posso! E como posso! Mas enfim: quem nasce tem que morrer, não é? Irmãzinha. Ah, como eu adoro te odiar.
    – Por que vocês me amarraram aqui, hein? Por quê?
Eliana soltou uma gargalhada.
    – Eu já ia me esquecendo do grande clímax. Isso daí é uma cama de gato. Mas... Dói muito.
    – O que você tá querendo dizer com isso?
O marido apenas observava. Mas Angélica insistiu nas perguntas.
    – Vocês dois não valem um centavo do que comem. Um centavo! Desgraçados.
   – Chega! – Eliana gritou, antes de soltar um sorriso, a expressão que dizia exatamente como ela estava: feliz por finalmente estar realizando seu plano. Aproximou-se de Angélica, e lhe meteu uma bofetada. A irmã não podia se defender. Afinal, estava presa pelas cordas.
   – Hora do show.

           
Eliana foi se afastando assim como Luigi. Eram altos os gritos de Angélica, que ainda tentava se soltar. A irmã da última encostou-se a um aparelho. Um receptor. Havia apenas um botão. A enorme descarga elétrica que havia nos fios ligados até a cerca poderia causar morte instantânea. Eliana voltou a olhar para Angélica. Era o último adeus. Virou-se novamente para o receptor. Respirou fundo. Apertou o botão.


COLABORADORES - LUIZ GUSTAVO E MÁRCIO GABRIEL

APOIO - VICTOR MARÇAL

DIREÇÃO DE ARTE - VICTOR MARÇAL e MÁRCIO GABRIEL

ESCRITO POR - WILLIAM ARAUJO

REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL

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