**CONTINUAÇÃO DO CAPÍTULO ANTERIOR**
Na mesma hora que Yolanda, ainda chocada com as palavras do amante, põe o pé no primeiro degrau da escada, Adriano surge, gritando:
— Parem com essa palhaçada agora!
— Adriano! O que você pensa que está fazendo?
— Para com essa novelinha, seu escroto. É isso o que você é, Wagner. Um bruto, um escroto!
— Respeite a memória da sua mãe, pentelho. Ela não está mais entre nós, mas eu sou o seu pai. EU SOU O SEU PAI!
— QUEM É VOCÊ PRA FALAR EM RESPEITO? VOCÊ DEIXOU DE SER MEU PAI A PARTIR DO MOMENTO EM QUE VOCÊ TRAIU MINHA MÃE COM A YOLANDA! ISSO MESMO PESSOAL, ESSES DOIS AÍ TEM UM CASO. WAGNER E A EMPREGADA DA SUA MANSÃO ... FOI POR CAUSA DELES QUE MINHA MÃE, NORMA PEREGRINI, SE SUICIDOU!
A atenção dos paparazzi e de suas câmeras é totalmente desviada para Adriano.
TERCEIRO CAPÍTULO
Wagner sua frio. Seu coração acelera. Não acredita que terá sua reputação manchada por um garoto de quinze anos.
— É mentira desse menino. É mentira! — tenta acalmar a voz — Ele está muito traumatizado ainda com o suicídio da Norma. Adriano era muito ligado à mãe. Perdoem-no. — Wagner tenta amenizar a situação. Yolanda esconde-se.
— Eu posso provar. — diz Adriano.
— Você não tem que provar nada. — Wagner sobe as escadas. — Já pro quarto.
— Você não manda em mim.
— Já pro quarto. — repete.
— Eu tenho o direito de ir ao enterro da mamãe.
— É a última vez que eu digo. Você passou dos limites, Adriano.
***
Estamos agora no banheiro do quarto de Adriano. Da escada até lá, Wagner e Adriano não deram uma palavra.
— Tira a roupa! — Wagner ordena.
— O quê? Vai abusar do seu filho agora? Já não basta da empregada e do filho do motorista?
— Hã? Quem te contou isso?
— Fica tranquilo papai, o senhor pode não achar, mas eu sei guardar segredo. — Diz Adriano, diabolicamente.
— Tira a roupa agora seu filho da puta! Acha que pode ser mais forte que eu? Você só tem 15 anos!
— Filho da puta é você. Pedófilo imundo. Eu sei do que é certo e do que é errado. O senhor se acha superior só por que tem dinheiro, só por que é dono da revista Flash, mas não vai ser por isso que o senhor vai servir de santo não. Imundo! I — MUN –DO!
Wagner arranca as roupas do filho e o leva para o chuveiro, onde lhe dá uma surra de cinturão debaixo d'água. Pouco tempo depois surge Alessandra, que tenta defender o irmão da surra.
— Não faz isso com ele, pai! — A menina implora, chorando. Não faz pai, por favor.
Wagner ignora a filha e continua surrando Adriano, que chora em silêncio. No final seu corpo fica completamente em carne viva. Wagner sai e deixa os irmãos a sós.
— Fiquem os dois aí. Quando eu chegar, vou dar um jeito em vocês.
Os irmãos se abraçam e continuam chorando.
***
Chega a hora de enfrentar a imprensa. Nosso vilão sabe como domá-los, afinal, aquilo era o seu ganha-pão.
— Todos podem ficar tranquilos. Mais uma vez peço perdão pela atitude do meu filho. Mas compreendam: ele é muito jovem e acabou de perder a mãe!
Na frente das câmeras, Wagner pega Alex, o seu filho mais novo, no colo e beija seu rosto.
— Norma foi uma mulher batalhadora. Era um exemplo de mãe de família e uma esposa dedicada. Perdemos um exemplo para qualquer mulher dessa cidade, ou até mesmo do Brasil. — Wagner finge um choro. — Desculpem-me. Eu amava aquela mulher!
As pessoas se comovem com o discurso de Wagner e passam a acreditar que ele é o marido e o pai perfeito. Ele continua:
— Eu, Wagner Peregrini, sou um homem incompleto agora meus caros. Mas espero que onde ela esteja, que ela fique bem. Minha querida Norma.
Ele entrega Alex para Ugo e dá uma recomendação a ele:
— Coloca esse menino no quarto do Adriano. Não entra lá e não deixe que eles saiam, ouviu? Não se esqueça de passar a chave.
— Tudo bem, Sr. Wagner.
— Ótimo. Vejo que posso mesmo contar com você.
Adriano continuava abraçado com a irmã. A água caía sobre a cabeça dos dois. Viram o trinco da porta se mexer. Era Ugo, com Alex nos braços. Ele pôs o garoto em cima da cama.
Ugo abre a porta do quarto e entra com Alex nos braços.
— Ugo! — Alessandra se desprende de Adriano e corre até Ugo. — Você veio tirar a gente daqui não é? Papai nos trancou aqui.
Ugo só reparava em Adriano, que sofria com as dores e sentado debaixo do chuveiro.
— Responda, Ugo! Vamos embora antes que o papai chegue! — Alessandra sorri e tenta segurar a mão de Ugo.
— Sai daqui! — Ugo empurra Alessandra. — Io non vim salvar ninguém, apenas vim deixar o bambino Alex.
— Mas Ugo … — Alessandra chora desapontada.
— Para de grunhir, Io já disse que non vou tirar ninguém daqui.
Ugo sai. Alessandra pega Alex e vai até o banheiro do quarto, onde o outro irmão ainda se encontra. Ela desliga o chuveiro e se senta no chão com os dois irmãos. Os três se abraçam.
— Adriano… Promete que não importa o que acontecer, Você, Alex e eu nunca vamos nos separar?
— Jamais, minha irmã. A gente vai sair dessa.
— Eu nunca pensei que o Ugo pudesse ser tão frio.
— Ele é o pior tipo de mau caráter que existe, Alessandra. Eu tentei te avisar, mas não te culpo. Sei que você gosta dele.
— Mas eu o amo mesmo! Tá sendo tão difícil... eu sinto falta da mamãe. Nem a vó Gisela está aqui. Ela iria nos defender.
— Mas ela vai voltar. Agora vamos ficar aqui. Vamos esperar o monstro chegar.
Tempo depois, barulho de chaves. Os irmãos levantam a cabeça, depois se abraçam ainda mais, na esperança fútil de se teletransportar dali. Eles sabem que é o pai. Wagner entra no quarto e sorri Ele sorri, parecendo contemplar o terror que os próprios filhos estão sentindo. Aquele pavor o alimenta.
Wagner continua parado frente à porta do banheiro do quarto de Adriano. Seus filhos choram de pavor, abraçados e sentados no chão debaixo do chuveiro.
— Pai… O que o senhor vai fazer com a gente? — Pergunta Alessandra, chocada, com medo.
— Esperem e verão. Amanhã mesmo eu vou tratar de vocês três. Dos três. — frisa, apontando para eles.
— O Alex e a Alessandra não têm nada a ver com o que você faz, seu idiota! — grita Adriano,recebendo depois um tapa no rosto. — Pode me bater. Pode me matar se quiser, mas quando a vovó voltar ela vai saber de tudo de TUDO o que você está fazendo.
— A vovó não vai voltar. — Wagner os assusta. Nesse momento ele está agachado e bem perto das crianças.
— O que o senhor vai fazer com ela?
— Não é da conta de vocês. Agora fiquem aqui, os três.
— Não, pai, não deixa a gente trancado aqui. Não!
Wagner sai e fecha a porta. Pouco tempo depois ele abre a porta de novo e coloca no chão uma bandeja com alguns sanduíches.
— Bom apetite. Agora eu vou me divertir, por que eu sou adulto. HAHA! — Wagner ri macabramente antes de fechar a porta de novo.
— Adriano… Ele vai matar a vovó!
— O que a gente pode fazer agora é rezar. Só isso.
***
Wagner acaba de voltar do enterro de sua ex-mulher. Por trás do seu luto falso há um sorriso meia boca.
— Tenho que me livrar de todos eles. Começando pela Gisela. Tenho que aproveitar o fato da velha estar doente e debilitada. Aquilo ali é pior do que o cão. Sogras… Quer dizer, ex-sogras!
Yolanda varre o chão da mansão. Pensa que está perto da hora de deixar o posto de empregada e virar madame. Pousar nas fotos ao lado de Wagner, seu futuro marido e da criança que está esperando. Ela para de varrer pega em sua barriga.
— Eu hei de te dar uma vida de princesa. Você vai se chamar Ingrid. Ingrid Ferreira Peregrini. É... Vai ser a melhor amiga dos seus irmãos. A Alessandra vai te ensinar muitas coisas! Nós vamos ser muito felizes, filhinha.
E ela continua varrendo o salão, pensando na vida. Em coisas impossíveis de acontecer.
***
Ugo está lendo os seus gibis no quarto enquanto o seu pai lê o jornal. Ouvem batidas na porta.
— Pode entrar, a porta está aberta. — diz o motorista Leoni, pai de Ugo.
Wagner entra. O monstro! Ugo espanta-se.
— Oh, que honra receber o senhor aqui, Sr. Wagner. Quer que eu o leve para algum lugar?
— Não, não Leoni. Pelo contrário. Amanhã você está liberado. Eu mesmo quero dirigir.
— Oh, Ugo. Assim nós podemos visitar quelle lugar que você queria ir. Como é mesmo o nome, figlio?
— Não, não. Mas o Ugo não está liberado. — sorri — Quero levar você até a Flash. Você vai conhecer a minha revista, editores, tudo! Que tal?
O rapazote fica calado e continua lendo o seu gibi. Ele sabe que é mentira.
— Ah, ele vai sim. Muito obrigado por questa atenção que o senhore tem com o mio bambino, doutor. Mesmo com o trauma da perda de tua mulher.
— Eu vou superar, caro Leoni. Eu vou. Ugo vai ser o futuro editor chefe da revista Flash no Brasil. Se bobear poderá até substituir Gisela, coitadinha. Ela é minha sogra, porém acho que ela está muito doente para comandar tamanha empresa. Ugo brevemente poderá comandar a Flash. Vejo vontade nos olhos desse rapaz!
— E com o perdão da pergunta, mas como a senhora Gisela está?
— Pelas notícias que eu recebi, ela não está nada bem, Leoni. Bom... Amanhã farei uma visitinha a ela. Tire o dia de folga, ok? Até amanhã bem cedo, ouviu Ugo?
***
Na verdade, Gisela receberia alta no dia seguinte. Ela lamentou bastante o fato de não ter ido nem ao velório e nem ao enterro da filha Norma. Só prometeu a si mesma que cuidaria dos três netos como se fossem seus filhos.
Wagner sai com Ugo bem cedo, depois de deixar a comida dos filhos, ainda trancados no quarto. As crianças estavam assustadas, mas aquilo não comovia a Wagner nem um pouco.
— Eu sei que a gente não vai visitar a Flash coisa nenhuma. — diz Ugo, observando Wagner dirigir.
— Não, Ugo. Não vamos. Você é esperto é por isso que eu gosto de você. Mas…
— “Mas” o quê?
— Sabe aquele Atari que você tanto quer? Ele pode ser seu ainda hoje.
Wagner tira uma caixa debaixo do banco do carro. Ugo tenta pegá-la, mas o monstro a guarda novamente.
— Espera, espera, espera… Antes você vai ter que fazer um favorzinho pra mim. É uma coisa que eu sei que não vai ser nada difícil pra você. Eu sei o quanto você é cruel.
— O que eu tenho que fazer?
Wagner chega à frente do seu destino: o hospital onde Gisela está internada.
***
— Faz tudo o que a gente combinou. O número do quarto é esse – entrega um papel à Ugo. — Pensa no Atari. O videogame que você sempre quis.
— Tutto bene. Vai ser moleza.
Enquanto Wagner conversa com a recepcionista do hospital, Ugo corre procurando o quarto de Gisela.
— É esse aqui. — suspira, abrindo a porta do quarto.
COLABORADOR - LUIZ GUSTAVO
DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL
ESCRITO POR - MÁRCIO GABRIEL
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
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