VIGÉSIMO TERCEIRO EPISÓDIO
THE FAST AND THE FURIOUS
"OS VELOZES E OS FURIOSOS"
EPISÓDIO DO PONTO DE VISTA DE RYAN
Cidade de Undeadwood, 2000.
— Ryan, querido, brinque direito com os seus colegas. – Diz
a minha professora.
— Tudo bem, Srta. Jenkins. – Respondo.
Levanto-me da minha cadeira e ando até o armário da sala
para pegar o meu caderno de desenhos. Quando eu encosto a minha mão na madeira
do armário, sinto uma temperatura muito, muito quente, e então, eu solto um
grito rápido.
— Tudo bem, querido?
— Tudo sim, Srta. Jenkins. – Respondo, confuso.
Torno a tentar abrir o armário, mas dessa vez, a temperatura
está ainda mais elevada e o puxador da porta derrete em minhas mãos. Olho para
os lados e vejo que ninguém percebeu, então pego o meu caderno, mas este entra
em chamas instantaneamente e num piscar de olhos o fogo se alastra por todo o
armário.
— Todos para fora, rápido!
Crianças correm por todos os lados e uma esbarra em mim,
entrando em combustão instantaneamente. Fico em estado de choque e me apoio
numa parede, que também entra em chamas. Não sei o que está acontecendo comigo,
mas estou morrendo de medo.
— Ryan, pegue a minha mão!
Aceno que não com a cabeça. Eu vi o que aconteceu com aquela
criança e não vou deixar aquilo acontecer com mais ninguém. Eu posso ter apenas
seis anos, mas já sei que eu sou a causa disso tudo. Distraio o meu olhar por
um segundo e vejo a Srta. Jenkins me arrancando pelo braço. De início, fico em
choque por ela não pegar fogo, mas vejo que ela está com um pano enrolado em
suas mãos, por isso nada aconteceu com ela.
Por horas todos nós ficamos do lado de fora da escola, vendo
o prédio pegar fogo por tanto tempo até não restar mais nada a não ser uma
carcaça preta. Não sei se foi a adrenalina ou se foi a distração, mas vejo
policiais me colocando num tanque d’água e apagando as chamas deles no mesmo
tanque. Eu sei que a temperatura está subindo, mas não sinto nada aqui.
Tudo fica escuro.
Estou sendo transportado para algum lugar e, creio eu, que
não será um lugar muito bom. Minhas mãos e pés começam a inchar e criar
escamas, o que pode ser uma alucinação causada pela alta temperatura da água,
mas depois de sentir asas saindo das minhas costas, eu sinceramente duvido.
Depois de algum tempo em transmutação, é como se eu tivesse
me transformado em um pterodátilo ou algo assim, e quando as portas do carro se
abrem, estou pronto para atacar, mas levo dois tiros e apago.
DEZ ANOS DEPOIS
— Ryan, acorda! – Alguém joga um copo d’água no meu rosto.
— Estou acordado. – Digo, ainda sonolento.
— O Xerife quer falar com você. Parece que houve algum tipo
de homicídio próximo à escola primária.
— Certo, eu já estou indo para lá.
Pego as chaves da mesa e saio do meu escritório. Eu passei
oito anos em treinamento numa base militar escondida no subsolo dessa cidade,
onde acabei desenvolvendo controle sobre meus poderes. Eu não era um
pterodátilo ou algo do tipo, eu sou um transmutado. Eu tenho a habilidade de me
transformar em um dragão e tenho que admitir, é bem legal. Dois anos atrás eu
fui colocado no ensino médio para me socializar com as pessoas da cidade, a fim
de poder viver em harmonia. No começo foi difícil, claro, mas com o tempo tudo
se resolveu. Agora eu estou estagiando na delegacia da cidade e já fiquei muito
amigo do xerife. Ponto para mim.
Desligo o alarme do carro e entro. Ponho as chaves na
ignição e sinto uma faca no meu pescoço. Por alguns segundos, fico em absoluto
pânico, mas num piscar de olhos não está mais lá. Eu lembro que enquanto me
levavam para a unidade militar em Washington, eu vi duas pessoas (um homem e
uma mulher) dando uma entrevista para um jornal local, algo sobre um incêndio
na minha cidade. Eu tenho tido pesadelos com eles desde então.
Ao chegar no local, desço do carro e vou à procura do
xerife. Demoram alguns minutos até que eu o encontre inconsciente no chão. Pego
a arma que estava sob a minha camisa e fico em posição de ataque. Não posso me
transformar se for um civil.
— Ryan... Venha para
mim Ryan... – A voz é de uma mulher, mas é assustadora.
Sinto algo acertando as minhas costas e ao me virar, tenho a
impressão de ver um leque em efeito bumerangue, voltando a seu dono. Dou um
tiro para o alto, como sinal de aviso.
— Ele está morto,
Ryan. Entregue-se a nós. – Duas adagas perfuram minhas costas e solto a
arma com o pânico.
Arrasto-me pelo chão deixando uma trilha de sangue por onde
passo. Eu não consigo ver quem seja que esteja me atacando, mas sinto que eles
estão perto. Respiro fundo e começo a me transformar.
— Peguem-no! –
Desta vez a voz é de um homem, e duas mulheres – uma de rosa e uma de azul –
começam a atirar contra mim.
Não consigo completar a transformação. Volto à minha forma
humana em questão de segundos. Estou estirado no chão, cercado por dois rostos
conhecidos.
— Vocês estavam investigando o incêndio... – Digo, com
dificuldade.
— Sim. Éramos nós. Jared, Kitana e Milena Winchester. – O
homem diz.
— Já chega! – Ouço
uma voz ainda mais grossa e com autoridade.
Um outro homem, mais velho, retira as adagas de meu corpo e
despeja uma espécie de poção vermelha na minha boca. Fico paralisado por alguns
segundos, mas aos poucos vou recuperando os sentidos.
— Morte vai destruir cada pessoa nessa cidade em meia hora e
vocês estão preocupados em caçar um transmutado? – Ele reclama com os outros
três.
— Somos caçadores. É o que fazemos. – A de azul responde.
— Não Kitana, nós protegemos aqueles que não podem proteger
a si mesmos. É o nosso código. Agora vamos embora daqui enquanto ele ainda está
paralisado.
Os quatro saem e quando eu consigo me levantar, já os perdi
de vista. Procuro pelo xerife por todos os cantos, até chegar numa sala de aula
quase no final de um dos corredores.
— Eu reconheço este
lugar... – Penso.
— Familiar? – Me viro e vejo a Srta. Jenkins diante de mim.
— Você...
— Não temos muito tempo. Olha, eu estou morta. Os caçadores
descobriram que eu era uma bruxa e cortaram a minha garganta sem pensar duas
vezes. Eu estou no outro plano e fiz um feitiço para me comunicar com você. Ryan,
você está revivendo o passado. Precisa acordar.
— O quê? O que você quer dizer?
O chão começa a tremer.
— Ryan, acorde! Pelo amor de Deus, acorde!
Meus ouvidos a escutam, mas meu cérebro não consegue
interpretar o que ela está me dizendo. Em um piscar de olhos, a Srta. Jenkis
desaparece. Vejo o Xerife entrando na sala com um olhar desesperado.
— Graças a Deus! Vamos, temos que sair daqui! – Ele grita.
O xerife joga uma arma para mim. Em uma fração de segundos,
milhares de informação passam por minha mente. Desvio da arma, que cai no chão
e dispara um tiro na perna do xerife. Ele continua em pé.
— Você não é real. – Digo.
O telhado da sala começa a despencar sobre minha cabeça.
Estou quase enlouquecendo com tanta informação, mas preciso sair daqui ou ficarei
preso para sempre. Desvio de paredes e telhas caindo por todos os lados e
avisto minha arma à frente. Jogo-me e agarro-a com dificuldade. Uma parede
despenca em cima de mim e me deixa preso.
— Não. Eu não vou ficar aqui. – Me transformo em dragão, mas
desta vez, estou bem maior do que o normal. Cuspo fogo pela boca e vôo em
direção ao norte.
[...]
— Abaixem-se! –
Grito.
Ryan,
transformado em dragão, voa por cima de nós e joga todos no chão. Ficamos
admirados com o nível que a transformação dele chegou, e uma arma cai no chão.
Ariel a pega e lê uma inscrição.
— Agente Sparks.
– O Ryan era um agente em Undeadwood?
— Eu não me
lembro. – Luna responde.
Ryan volta a sua
forma humana e junta-se a nós.
— Quem está
faltando? – Ele pergunta.
— Silas. – Íris
responde.
DIREÇÃO DE ARTE - MÁRCIO GABRIEL, FÉLIX E WALTER HUGO
ESCRITO POR - WALTER HUGO
REALIZAÇÃO - TV VIRTUAL
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