Capítulo 32: "Sinto muito querido."
Nos capítulos anteriores...
Enquanto Rachel se
arrumava, Joaquim saiu da mansão sem que ninguém pudesse notar. Ele chamou um
táxi. Seu plano era seguir sua esposa. Joaquim teve de pagar mais do que a
corrida ao homem, já que o trabalho de coloca-lo dentro do carro foi executado.
Mas dinheiro não era problema. Seu foco naquele instante era seguir Rachel.
Demorou mais ou menos dez minutos para que a perua saísse da mansão com o
carro. O percurso do qual estavam seguindo não era o da fábrica. Como Joaquim
havia pensado, sua esposa realmente estava lhe traindo. Ambos foram parar no
estacionamento de um Motel cinco estrelas. E após chegarem, o ricaço desceu do
táxi, pediu ao motorista para que lhe esperasse e foi atrás de Rachel.
–Por que demorou tanto? –Indagou Magno, ao
abrir a porta do quarto de Motel.
–Aquela anta do Joaquim estava me alugando.
–Respondeu Rachel. –Mas pretendo te recompensar pela demora...
Rachel entrou no
quarto de Motel, mas não trancou a porta para a sorte de Joaquim, que
rapidamente continuou com seu plano. O casal de amantes estava transando sob
uma cadeira de rodas, e foram os gemidos de Rachel, que fez Joaquim
encontrá-los no ato. Ambos estavam tão concentrados no sexo, que nem notaram a
presença de Joaquim.
–Como eu pude ser tão idiota? –Indagou Joaquim
a si mesmo, enquanto saía do quarto abismado. [...]
Um acidente a cinco
quilômetros de distância de Wagner havia acontecido, ocasionando um congestionamento
caótico. Por sorte, o bebê que estava no banco traseiro do carro não havia se
ferido, graças à cadeirinha de segurança. Os pais tiveram ferimentos, porém
leves e artificiais, que aparentemente seriam tratados com curativos. Há alguns
metros antes do acidente, Sônia transitava com o carro, e ao ver Wagner vagando
desorientado pela Avenida, ela parou o veículo e mandou-o entrar. Ambos foram
para o escritório dela na fábrica, onde puderam conversar tranquilamente sem
interrupção.
–Vou pedir a Ruth para trazer uma água, você
está pálido! –Exclamou Sônia, que acariciava o rosto do sobrinho.
–Não precisa... –Disse Wagner. –Eu só quero
conversar. Falar com a senhora é como desabafar meus problemas com a minha avó.
Você substituiu o lugar dela em nossas vidas. Mesmo que digam o contrário.
Wagner olhou
fixamente para os olhos de Sônia. Ele enxergou uma pureza tão grande sobre
aquela mulher, que seus olhos ficaram molhados. O rapaz não conseguiu conter o
choro. Seus pais estavam contra ele. O mundo estava contra ele. Mas ela não...
Ela estava ali para ouvi-lo, sem julgá-lo, independente do que fosse dito.
–Eu sou gay, Sônia. –Ele mal podia falar, os
soluços desencadeados do choro estavam intensos. –Minha mãe descobriu e olhou para
mim com um olhar repulsivo. Ela me odeia! O que eu vou fazer? Eu a amo. Não
posso ser rejeitado pela minha mãe. Me ajuda, por favor, me ajuda.
Os pedidos de ajuda
desesperados de Wagner, fez Sônia abraça-lo com toda a sua força. Ela beijou
seu rosto, enxugou suas lágrimas e mostrou a ele que nunca o abandonaria. Em
momento algum. Nem por sua homossexualidade.
–Não chore querido. Não chore. Eu não vou
deixar ninguém te fazer mal. A partir de hoje, irei te proteger. –Disse Sônia,
abraçando Wagner.
–Mas e se a minha mãe quiser me expulsar de
casa? –Indagou Wagner, em desespero.
–Ela não vai. Não vou deixar.
–Meu pai o único que não gritou comigo.
–Sério? O João Pedro aceitou?
–Não digo aceitar... Mas ele reagiu de uma
forma que eu me surpreendi.
–Quem diria que o João Pedro reagiria assim...
Algumas horas depois
na fábrica, Wagner recebeu uma ligação de Pedro, que dizia estar em São Paulo, seu
pai o havia expulsado de casa. Com a ajuda de Sônia, Wagner foi buscar o amado
no aeroporto.
–Eu nem sei como agradecer o que a senhora
está fazendo pela gente. –Disse Pedro à Sônia, segurando as mãos de Wagner.
–Agradeça fazendo o Wagner feliz. –Respondeu
Sônia, sorrindo.
Decidida a fazer seu
filho “virar” homem, Silvana ligou para Isabella e implorou para que ela viesse
a São Paulo. A perua garantiu que iria bancar a passagem de avião, o hotel onde
ela se hospedaria e todos os seus gastos. Bella não pensou duas vezes, a
proposta era ótima e fazia tempo que ela queria voltar para São Paulo.
–Posso fazer uma pergunta? –Indagou Bella.
–Claro querida, pergunte o que quiser!
–Respondeu Silvana.
–Por que a senhora quer que eu volte para o
Wagner? Eu pensei que ele estivesse feliz e com outra... Ainda me lembro muito
bem da vez que ele passou o réveillon no Rio de Janeiro e a senhora não fez
nada para impedir.
–As coisas agora são diferentes... Só Deus
sabe o que deve ter acontecido naquele maldito Réveillon.
–Diferentes como? O que mudou?
–O Wagner mudou... É difícil de explicar.
–Eu topei voltar não topei? Mas pra isso
preciso saber o porquê.
–O Wagner é gay.
Naquele instante, o
silêncio tomou conta da linha telefônica. Isabella ficou incrédula com a
revelação da opção sexual de Wagner. Ela nunca imaginaria que seu ex-namorado pudesse
ser homossexual. Mas alguns segundos depois das palavras ditas por Silvana, a
menina lembrou-se de quando ele se negou a fazer sexo. Agora tudo se encaixava
perfeitamente.
–Meus Deus... –Isabella ainda estava em
choque. –Não posso acreditar.
–Nem eu acreditei quando descobri... –Disse
Silvana. –Mas o importante é que agora você vai voltar para São Paulo.
–E você espera que eu resolva essa situação?
–Óbvio que sim, por isso te liguei.
–Se a senhora diz... Quem sou eu para
discordar.
Joaquim pediu à Dupré
para que desse um jeito de tirar todos do palacete, inclusive os funcionários.
A desculpa que ele deu, foi de uma misteriosa surpresa que faria a sua esposa
Rachel, quando chegasse.
–Você acha que pode fazer isso por mim?
–Indagou Joaquim.
–Mas é claro que posso. –Respondeu Dupré.
–Hoje eu quero surpreender a minha esposa...
Após certificar-se de
que mais ninguém além dele estava na casa, Joaquim começou a preparar a mansão
para quando sua esposa chegasse. Ele espalhou fotos dela e de Magno transando
pela casa. Colocou o vídeo dela na T.V fazendo sexo com Rafael para ser
executado repetidamente e encheu a banheira com água. Havia uma garrafa de
vinho e duas taças sobre a mesa. Joaquim realmente queria mostrar à Rachel, com
quem ela estava lidando.
–Que o show comece... –Disse ele, ao terminar
a arrumação.
Ao pôr os pés dentro
do palacete, Rachel se deparou com todas aquelas fotos espalhadas sobre os
móveis, prateleiras e estantes. O volume da T.V estava no máximo, e a posição
em que ela e Rafael faziam sexo, era realmente embaraçosa. Sem entender nada, a
megera caminhou em direção à sala de jantar, onde encontrou Joaquim tomando uma
taça de vinho.
–Cadê todo mundo? –Indagou Rachel, fitando
Joaquim. –Que fotos são essas?
–Junte-se a mim querida. O vinho está
de-li-ci-o-so! –Exclamou Joaquim, enchendo a taça de Rachel, com vinho.
–Eu não quero nada...
–Eu vou encher e você vai beber a droga do
vinho, sua puta!
–Por que você está fazendo isso?
–Eu já sei de tudo Rachel! Chega desse cinismo
idiota. Eu posso estar em uma cadeira de rodas, mas não sou burro.
–Eu posso explicar...
–Rachel, eu voltei a enxergar. Eu quero o
divórcio!
–Você o que?
–É isso mesmo que você ouviu.
–Eu não vou te dar o divórcio.
–Vai sim.
–Não vou mesmo. Seu aleijado imbecil!
A megera começou a
andar lentamente na direção de Joaquim, que se afastava para trás com a cadeira
de rodas. Rachel havia perdido o controle e naquele instante, ela não se
importou com a polícia e nem com os peritos. Não existia mais motivos para
esperar.
–O que você vai fazer? –Indagou Joaquim,
aparentando estar com medo.
–Eu vou te matar. Seu aleijado maldito!
–Exclamou Rachel. –Eu não queria que fosse assim, mas você me fez mudar os planos.
–Não se aproxima de mim! Senão eu...
–Vai fazer o que?
–Ligar pra polícia.
–Liga... Vou precisar deles mesmo...
Rachel se aproximou
de Joaquim, assumiu o controle da cadeira de rodas e o levou para o andar de
cima da mansão. Ambos estavam na suíte máster de Soninha. A banheira estava
cheia. Rachel começou a se despir, fazendo com que seu marido não entendesse
nada.
–O que você está fazendo? –Indagou Joaquim.
–Espera, eu já volto. –Rachel saiu da suíte,
completamente nua.
Na cozinha, a megera
pegou uma faca. Usando luvas nas mãos, ela pressionou contra seu pescoço,
fazendo um enorme corte. Em seguida, Rachel se dirigiu para seu quarto,
preparou o composto de cianureto em uma substância liquida e voltou para a
suíte.
–Sinto muito querido. –Disse Rachel, ao fazer
um enorme corte na própria barriga. –Me perdoa querido.
–Você enlouqueceu Rachel! –Disse Joaquim, ao
começar a se afastar da esposa.
–Para a droga dessa cadeira agora!
Em um impulso só,
Rachel pressionou a faca contra seu abdômen, desencadeando um corte profundo e
gemidos de dor. Logo em seguida, a megera caminhou em direção ao marido e pôs a
faca nas mãos dele.
–Foi em legítima defesa, eu juro. –Disse
Rachel, sorrindo para Joaquim.
–Do que você está falando? –Indagou Joaquim,
apavorado.
–Disso!
Em um movimento
extremamente rápido, Rachel injetou o composto de cianureto na veia do marido.