quarta-feira, 9 de julho de 2014

Império Feminino: Capítulo 32

Capítulo 32: "Sinto muito querido."


Nos capítulos anteriores...

Enquanto Rachel se arrumava, Joaquim saiu da mansão sem que ninguém pudesse notar. Ele chamou um táxi. Seu plano era seguir sua esposa. Joaquim teve de pagar mais do que a corrida ao homem, já que o trabalho de coloca-lo dentro do carro foi executado. Mas dinheiro não era problema. Seu foco naquele instante era seguir Rachel. Demorou mais ou menos dez minutos para que a perua saísse da mansão com o carro. O percurso do qual estavam seguindo não era o da fábrica. Como Joaquim havia pensado, sua esposa realmente estava lhe traindo. Ambos foram parar no estacionamento de um Motel cinco estrelas. E após chegarem, o ricaço desceu do táxi, pediu ao motorista para que lhe esperasse e foi atrás de Rachel.

 –Por que demorou tanto? –Indagou Magno, ao abrir a porta do quarto de Motel.
 –Aquela anta do Joaquim estava me alugando. –Respondeu Rachel. –Mas pretendo te recompensar pela demora...

Rachel entrou no quarto de Motel, mas não trancou a porta para a sorte de Joaquim, que rapidamente continuou com seu plano. O casal de amantes estava transando sob uma cadeira de rodas, e foram os gemidos de Rachel, que fez Joaquim encontrá-los no ato. Ambos estavam tão concentrados no sexo, que nem notaram a presença de Joaquim.

 –Como eu pude ser tão idiota? –Indagou Joaquim a si mesmo, enquanto saía do quarto abismado. [...]

Um acidente a cinco quilômetros de distância de Wagner havia acontecido, ocasionando um congestionamento caótico. Por sorte, o bebê que estava no banco traseiro do carro não havia se ferido, graças à cadeirinha de segurança. Os pais tiveram ferimentos, porém leves e artificiais, que aparentemente seriam tratados com curativos. Há alguns metros antes do acidente, Sônia transitava com o carro, e ao ver Wagner vagando desorientado pela Avenida, ela parou o veículo e mandou-o entrar. Ambos foram para o escritório dela na fábrica, onde puderam conversar tranquilamente sem interrupção.

 –Vou pedir a Ruth para trazer uma água, você está pálido! –Exclamou Sônia, que acariciava o rosto do sobrinho.
 –Não precisa... –Disse Wagner. –Eu só quero conversar. Falar com a senhora é como desabafar meus problemas com a minha avó. Você substituiu o lugar dela em nossas vidas. Mesmo que digam o contrário.

Wagner olhou fixamente para os olhos de Sônia. Ele enxergou uma pureza tão grande sobre aquela mulher, que seus olhos ficaram molhados. O rapaz não conseguiu conter o choro. Seus pais estavam contra ele. O mundo estava contra ele. Mas ela não... Ela estava ali para ouvi-lo, sem julgá-lo, independente do que fosse dito.

 –Eu sou gay, Sônia. –Ele mal podia falar, os soluços desencadeados do choro estavam intensos. –Minha mãe descobriu e olhou para mim com um olhar repulsivo. Ela me odeia! O que eu vou fazer? Eu a amo. Não posso ser rejeitado pela minha mãe. Me ajuda, por favor, me ajuda.

Os pedidos de ajuda desesperados de Wagner, fez Sônia abraça-lo com toda a sua força. Ela beijou seu rosto, enxugou suas lágrimas e mostrou a ele que nunca o abandonaria. Em momento algum. Nem por sua homossexualidade.

 –Não chore querido. Não chore. Eu não vou deixar ninguém te fazer mal. A partir de hoje, irei te proteger. –Disse Sônia, abraçando Wagner.
 –Mas e se a minha mãe quiser me expulsar de casa? –Indagou Wagner, em desespero.
 –Ela não vai. Não vou deixar.
 –Meu pai o único que não gritou comigo.
 –Sério? O João Pedro aceitou?
 –Não digo aceitar... Mas ele reagiu de uma forma que eu me surpreendi.
 –Quem diria que o João Pedro reagiria assim...

Algumas horas depois na fábrica, Wagner recebeu uma ligação de Pedro, que dizia estar em São Paulo, seu pai o havia expulsado de casa. Com a ajuda de Sônia, Wagner foi buscar o amado no aeroporto.

 –Eu nem sei como agradecer o que a senhora está fazendo pela gente. –Disse Pedro à Sônia, segurando as mãos de Wagner.
 –Agradeça fazendo o Wagner feliz. –Respondeu Sônia, sorrindo.

Decidida a fazer seu filho “virar” homem, Silvana ligou para Isabella e implorou para que ela viesse a São Paulo. A perua garantiu que iria bancar a passagem de avião, o hotel onde ela se hospedaria e todos os seus gastos. Bella não pensou duas vezes, a proposta era ótima e fazia tempo que ela queria voltar para São Paulo.

 –Posso fazer uma pergunta? –Indagou Bella.
 –Claro querida, pergunte o que quiser! –Respondeu Silvana.
 –Por que a senhora quer que eu volte para o Wagner? Eu pensei que ele estivesse feliz e com outra... Ainda me lembro muito bem da vez que ele passou o réveillon no Rio de Janeiro e a senhora não fez nada para impedir.
 –As coisas agora são diferentes... Só Deus sabe o que deve ter acontecido naquele maldito Réveillon.
 –Diferentes como? O que mudou?
 –O Wagner mudou... É difícil de explicar.
 –Eu topei voltar não topei? Mas pra isso preciso saber o porquê.
 –O Wagner é gay.

Naquele instante, o silêncio tomou conta da linha telefônica. Isabella ficou incrédula com a revelação da opção sexual de Wagner. Ela nunca imaginaria que seu ex-namorado pudesse ser homossexual. Mas alguns segundos depois das palavras ditas por Silvana, a menina lembrou-se de quando ele se negou a fazer sexo. Agora tudo se encaixava perfeitamente.

 –Meus Deus... –Isabella ainda estava em choque. –Não posso acreditar.
 –Nem eu acreditei quando descobri... –Disse Silvana. –Mas o importante é que agora você vai voltar para São Paulo.
 –E você espera que eu resolva essa situação?
 –Óbvio que sim, por isso te liguei.
 –Se a senhora diz... Quem sou eu para discordar.
Joaquim pediu à Dupré para que desse um jeito de tirar todos do palacete, inclusive os funcionários. A desculpa que ele deu, foi de uma misteriosa surpresa que faria a sua esposa Rachel, quando chegasse.

 –Você acha que pode fazer isso por mim? –Indagou Joaquim.
 –Mas é claro que posso. –Respondeu Dupré.
 –Hoje eu quero surpreender a minha esposa...

Após certificar-se de que mais ninguém além dele estava na casa, Joaquim começou a preparar a mansão para quando sua esposa chegasse. Ele espalhou fotos dela e de Magno transando pela casa. Colocou o vídeo dela na T.V fazendo sexo com Rafael para ser executado repetidamente e encheu a banheira com água. Havia uma garrafa de vinho e duas taças sobre a mesa. Joaquim realmente queria mostrar à Rachel, com quem ela estava lidando.

 –Que o show comece... –Disse ele, ao terminar a arrumação.

Ao pôr os pés dentro do palacete, Rachel se deparou com todas aquelas fotos espalhadas sobre os móveis, prateleiras e estantes. O volume da T.V estava no máximo, e a posição em que ela e Rafael faziam sexo, era realmente embaraçosa. Sem entender nada, a megera caminhou em direção à sala de jantar, onde encontrou Joaquim tomando uma taça de vinho.

 –Cadê todo mundo? –Indagou Rachel, fitando Joaquim. –Que fotos são essas?
 –Junte-se a mim querida. O vinho está de-li-ci-o-so! –Exclamou Joaquim, enchendo a taça de Rachel, com vinho.
 –Eu não quero nada...
 –Eu vou encher e você vai beber a droga do vinho, sua puta!
 –Por que você está fazendo isso?
 –Eu já sei de tudo Rachel! Chega desse cinismo idiota. Eu posso estar em uma cadeira de rodas, mas não sou burro.
 –Eu posso explicar...
 –Rachel, eu voltei a enxergar. Eu quero o divórcio!
 –Você o que?
 –É isso mesmo que você ouviu.
 –Eu não vou te dar o divórcio.
 –Vai sim.
 –Não vou mesmo. Seu aleijado imbecil!

A megera começou a andar lentamente na direção de Joaquim, que se afastava para trás com a cadeira de rodas. Rachel havia perdido o controle e naquele instante, ela não se importou com a polícia e nem com os peritos. Não existia mais motivos para esperar.

 –O que você vai fazer? –Indagou Joaquim, aparentando estar com medo.
 –Eu vou te matar. Seu aleijado maldito! –Exclamou Rachel. –Eu não queria que fosse assim, mas você me fez mudar os planos.
 –Não se aproxima de mim! Senão eu...
 –Vai fazer o que?
 –Ligar pra polícia.
 –Liga... Vou precisar deles mesmo...

Rachel se aproximou de Joaquim, assumiu o controle da cadeira de rodas e o levou para o andar de cima da mansão. Ambos estavam na suíte máster de Soninha. A banheira estava cheia. Rachel começou a se despir, fazendo com que seu marido não entendesse nada.

 –O que você está fazendo? –Indagou Joaquim.
 –Espera, eu já volto. –Rachel saiu da suíte, completamente nua.

Na cozinha, a megera pegou uma faca. Usando luvas nas mãos, ela pressionou contra seu pescoço, fazendo um enorme corte. Em seguida, Rachel se dirigiu para seu quarto, preparou o composto de cianureto em uma substância liquida e voltou para a suíte.

 –Sinto muito querido. –Disse Rachel, ao fazer um enorme corte na própria barriga. –Me perdoa querido.
 –Você enlouqueceu Rachel! –Disse Joaquim, ao começar a se afastar da esposa.
 –Para a droga dessa cadeira agora!

Em um impulso só, Rachel pressionou a faca contra seu abdômen, desencadeando um corte profundo e gemidos de dor. Logo em seguida, a megera caminhou em direção ao marido e pôs a faca nas mãos dele.

 –Foi em legítima defesa, eu juro. –Disse Rachel, sorrindo para Joaquim.
 –Do que você está falando? –Indagou Joaquim, apavorado.
 –Disso!
Em um movimento extremamente rápido, Rachel injetou o composto de cianureto na veia do marido.