Capítulo 18: O Inesquecível Natal
Nos capítulos anteriores...
Em uma freada brusca,
Helena tirou os fones do ouvido e ao parar no semáforo que estava vermelho, ela
olhou para o lado direito da rua e se deparou com Wagner abraçado a outro garoto,
que tocava sua cintura. O impacto foi tão grande, que quando o semáforo ficou
verde, Helena não percebeu e as buzinas começaram a soar. Sem saber o que
fazer, a ricaça acelerou o carro antes que seu neto a visse. Dupré, que ainda
se encontrava na linha, chamava o nome da patroa.
–Dona Helena? –Indagou Dupré preocupado. –Dona
Helena?
–Desculpe Dupré, os fones haviam caído...
–Respondeu Helena, ainda sem ação.
–Aconteceu alguma coisa?
–Não... Em casa conversamos, vou desligar.
Um cheiro de perfume
forte habitava o pescoço de Wagner, a fragrância era tão forte, que fez Helena
perceber que não era dele e sim daquele rapaz que o abraçou.
–Agente precisa conversar querido. –Disse
Helena. –Eu não estou aqui para te julgar, muito menos para te crucificar, eu
quero é te ajudar.
–Do que a senhora está falando? –Indagou
Wagner, nervoso.
–Não fique com medo... –Ela levantou da cama e
trancou a porta do quarto. –Quero garantir que ninguém entre aqui.
–Ainda não estou entendendo aonde a senhora
quer chegar.
–Vou perguntar uma vez, portanto não negue,
por que eu vi com os meus próprios olhos. Eu vi, ninguém me contou... Wagner
você é gay?
A tal pergunta entrou
pelos ouvidos de Wagner destruindo tudo, deixando-o sem ação. As lágrimas
começaram a escorrer por seu rosto, primeiro devagar, até começar a ganhar
força, trazendo soluços e desespero. Ocasionando um choro emocionalmente
triste. Nada saía da boca do rapaz, apenas sua cabeça balançava consentindo,
querendo dizer... Sim. Rapidamente, Helena o acolheu nos braços, dizendo o
quanto o amava e que aquilo de nada mudaria. O abraço de ambos parecia forte e
inquebrável. Algo como uma barreira poderosa os unia. [...]
Olhando através da
janela de seu quarto, Soninha observava o jardineiro podar as rosas do lindo
jardim, que começava na entrada do palacete e terminava metros antes da porta
da frente. As lembranças de sua noite com João Pedro invadiram sua mente de
repente. Talvez aquele mundo da qual ela pertencia no momento não a fizesse
bem. Uma voz feminina fez Soninha voltar à vida real.
–Posso entrar?
Soninha virou-se,
fitou Silvana nos olhos e respondeu:
–Fique à vontade.
Aquelas duas mulheres
pareciam inimigas na frente dos outros, mas juntas e em lugares fechados,
estavam mais para duas amigas de longa data.
–Eu vim me desculpar. Hoje é natal e eu acho
que não há necessidade de tal rivalidade, já que eu, você e a Rachel estamos no
mesmo barco.
–Silvana você não tem que se desculpar, no seu
lugar eu faria a mesma coisa. Você só defendeu os seus familiares de uma
“estranha”.
–Você e o João Pedro se falaram depois do que
houve no evento beneficente?
–Não. Ele não quer me ver, nem mesmo pintada
de ouro.
–Agora que eu já me desculpei...
Quando Silvana já
colocava os pés para fora do quarto, Soninha perguntou:
–Você ainda gosta do João Pedro, não gosta?
–De todos os homens que fizeram parte da minha
vida, o João Pedro foi o único que eu amei de verdade, além disso ele me deu um
filho lindo. Então não importa o que você e ele tenham, sentimento nenhum
destruirá o laço que ainda nos une.
–Não foi isso que eu perguntei.
–Sim. Eu ainda o amo.
–Obrigada por responder.
Após saber da
resposta e ouvir Silvana dizer, “não
importa o que você e ele tenham, sentimento nenhum destruirá o laço que ainda
nos une”. Soninha teve mais certeza do que nunca, de que era a hora dela se
transformar em Esther Gouveia e abandonar de uma vez por todas sua antiga
personalidade. Rapidamente, ela desceu as escadas do palacete à procura de
Dupré.
–Você pode me ajudar? –Indagou Soninha. –Eu
acho que chegou a hora de eu assumir o meu lugar nessa família.
–Como você quer que eu te ajude? –Respondeu
Dupré, com outra pergunta.
–Primeiro me mostre como funciona a Fábrica de
lingeries, depois programe um evento na mesma para o dia três de fevereiro e em
seguida, marque para mim uma hora no salão de beleza amanhã, está na hora de eu
mudar completamente.
–A cada dia que passa você se parece mais com
a sua avó.
Nos noticiários a
notícia sobre a volta da herdeira perdida era exibida a todo tempo. Giorgio e
Denise comentavam com Wagner que se sua avó estivesse viva, ela estaria mais do
que orgulhosa de Soninha, por sua bravura de se revelar em público, sem nenhuma
hesitação durante o discurso.
–Ela se parece muito com Helena. –Disse
Denise. –A personalidade forte daquela mulher era inconfundível, e a Soninha
tem isso. Eu a vi com meus próprios olhos. Eu a ajudei a se vestir.
–E não disse nada pra gente. –Disse Pedro,
fitando a mãe nos olhos.
–Dupré me pediu segredo.
–Eu sabia que o Dupré estava metido nesse
meio. Todos os eventos grandes e polêmicos que acontecem envolvendo a família é
ele quem organiza. –Disse Wagner, sorrindo. –Ele é mais do que um simples
mordomo.
–Dupré está mais para um agente do FBI
disfarçado. –Giorgio arrancou gargalhadas de todos no café da manhã.
Ambos terminaram o
café da manhã, Denise e Giorgio estavam saindo para viajar. Wagner e Pedro
ficariam com a casa só para eles até o dia trinta de dezembro.
–Juízo vocês dois, nada de festas aqui em
casa. –Disse Denise. –Eu e Giorgio ligaremos todos os dias para saber se tudo
está em ordem.
–Não tragam mulheres para casa. –Giorgio
piscou para Pedro, sem que Denise percebesse. –Juízo meninos.
–Podem deixar eu e o Wagner nos comportaremos,
não é Wagner?
–É sim.
Após a saída dos pais
de Pedro, Wagner sentiu algo estranho dentro de si, afinal ele ficaria sozinho
com o amigo e há alguns dias os sentimentos entre ambos não eram apenas de
amizade.
–O que vamos fazer? –Indagou Wagner.
–Eu não sei você, mas eu vou tomar um banho.
–Respondeu Pedro.
–Ah, então vai lá.
Pedro estava em baixo
do chuveiro já fazia sete minutos. O barulho da água caindo sobre o corpo do
amigo atiçava sentimentos em Wagner, que ele não sentia fazia tempo. Algo
libertador parecia ter tomado conta de Wagner. O menino tirou a roupa toda,
ficando completamente nu, e em seguida subiu as escadas da casa, indo até o
banheiro em que Pedro tomava banho. Vagarosamente, Wagner viu o amigo de olhos
fechados lavando o cabelo com o shampoo, foi a oportunidade certa para ele
entrar no box sem que Pedro notasse. Até que o mesmo abriu os olhos e se
deparou com Wagner nu, dentro do box.
–Eu sempre tive curiosidade em te beijar, e já
que seus pais não estão em casa, acho que é a oportunidade certa. –Disse
Wagner, fitando Pedro nos olhos.
As mãos de Wagner tocaram
a cintura de Pedro, impulsionando-o contra seu corpo. Ambos trocaram um beijo
gay literalmente molhado em baixo do chuveiro.