sexta-feira, 30 de maio de 2014

Império Feminino: Capítulo 18

Capítulo 18: O Inesquecível Natal

Nos capítulos anteriores...

Em uma freada brusca, Helena tirou os fones do ouvido e ao parar no semáforo que estava vermelho, ela olhou para o lado direito da rua e se deparou com Wagner abraçado a outro garoto, que tocava sua cintura. O impacto foi tão grande, que quando o semáforo ficou verde, Helena não percebeu e as buzinas começaram a soar. Sem saber o que fazer, a ricaça acelerou o carro antes que seu neto a visse. Dupré, que ainda se encontrava na linha, chamava o nome da patroa.

 –Dona Helena? –Indagou Dupré preocupado. –Dona Helena?
 –Desculpe Dupré, os fones haviam caído... –Respondeu Helena, ainda sem ação.
 –Aconteceu alguma coisa?
 –Não... Em casa conversamos, vou desligar.

Um cheiro de perfume forte habitava o pescoço de Wagner, a fragrância era tão forte, que fez Helena perceber que não era dele e sim daquele rapaz que o abraçou.

 –Agente precisa conversar querido. –Disse Helena. –Eu não estou aqui para te julgar, muito menos para te crucificar, eu quero é te ajudar.
 –Do que a senhora está falando? –Indagou Wagner, nervoso.
 –Não fique com medo... –Ela levantou da cama e trancou a porta do quarto. –Quero garantir que ninguém entre aqui.
 –Ainda não estou entendendo aonde a senhora quer chegar.
 –Vou perguntar uma vez, portanto não negue, por que eu vi com os meus próprios olhos. Eu vi, ninguém me contou... Wagner você é gay?

A tal pergunta entrou pelos ouvidos de Wagner destruindo tudo, deixando-o sem ação. As lágrimas começaram a escorrer por seu rosto, primeiro devagar, até começar a ganhar força, trazendo soluços e desespero. Ocasionando um choro emocionalmente triste. Nada saía da boca do rapaz, apenas sua cabeça balançava consentindo, querendo dizer... Sim. Rapidamente, Helena o acolheu nos braços, dizendo o quanto o amava e que aquilo de nada mudaria. O abraço de ambos parecia forte e inquebrável. Algo como uma barreira poderosa os unia. [...]
 
Olhando através da janela de seu quarto, Soninha observava o jardineiro podar as rosas do lindo jardim, que começava na entrada do palacete e terminava metros antes da porta da frente. As lembranças de sua noite com João Pedro invadiram sua mente de repente. Talvez aquele mundo da qual ela pertencia no momento não a fizesse bem. Uma voz feminina fez Soninha voltar à vida real.

 –Posso entrar?

Soninha virou-se, fitou Silvana nos olhos e respondeu:

 –Fique à vontade.

Aquelas duas mulheres pareciam inimigas na frente dos outros, mas juntas e em lugares fechados, estavam mais para duas amigas de longa data.

 –Eu vim me desculpar. Hoje é natal e eu acho que não há necessidade de tal rivalidade, já que eu, você e a Rachel estamos no mesmo barco.
 –Silvana você não tem que se desculpar, no seu lugar eu faria a mesma coisa. Você só defendeu os seus familiares de uma “estranha”.
 –Você e o João Pedro se falaram depois do que houve no evento beneficente?
 –Não. Ele não quer me ver, nem mesmo pintada de ouro.
 –Agora que eu já me desculpei...

Quando Silvana já colocava os pés para fora do quarto, Soninha perguntou:

 –Você ainda gosta do João Pedro, não gosta?
 –De todos os homens que fizeram parte da minha vida, o João Pedro foi o único que eu amei de verdade, além disso ele me deu um filho lindo. Então não importa o que você e ele tenham, sentimento nenhum destruirá o laço que ainda nos une.
 –Não foi isso que eu perguntei.
 –Sim. Eu ainda o amo.
 –Obrigada por responder.

Após saber da resposta e ouvir Silvana dizer, “não importa o que você e ele tenham, sentimento nenhum destruirá o laço que ainda nos une”. Soninha teve mais certeza do que nunca, de que era a hora dela se transformar em Esther Gouveia e abandonar de uma vez por todas sua antiga personalidade. Rapidamente, ela desceu as escadas do palacete à procura de Dupré.

 –Você pode me ajudar? –Indagou Soninha. –Eu acho que chegou a hora de eu assumir o meu lugar nessa família.
 –Como você quer que eu te ajude? –Respondeu Dupré, com outra pergunta.
 –Primeiro me mostre como funciona a Fábrica de lingeries, depois programe um evento na mesma para o dia três de fevereiro e em seguida, marque para mim uma hora no salão de beleza amanhã, está na hora de eu mudar completamente.
 –A cada dia que passa você se parece mais com a sua avó.

Nos noticiários a notícia sobre a volta da herdeira perdida era exibida a todo tempo. Giorgio e Denise comentavam com Wagner que se sua avó estivesse viva, ela estaria mais do que orgulhosa de Soninha, por sua bravura de se revelar em público, sem nenhuma hesitação durante o discurso.

 –Ela se parece muito com Helena. –Disse Denise. –A personalidade forte daquela mulher era inconfundível, e a Soninha tem isso. Eu a vi com meus próprios olhos. Eu a ajudei a se vestir.
 –E não disse nada pra gente. –Disse Pedro, fitando a mãe nos olhos.
 –Dupré me pediu segredo.
 –Eu sabia que o Dupré estava metido nesse meio. Todos os eventos grandes e polêmicos que acontecem envolvendo a família é ele quem organiza. –Disse Wagner, sorrindo. –Ele é mais do que um simples mordomo.
 –Dupré está mais para um agente do FBI disfarçado. –Giorgio arrancou gargalhadas de todos no café da manhã.

Ambos terminaram o café da manhã, Denise e Giorgio estavam saindo para viajar. Wagner e Pedro ficariam com a casa só para eles até o dia trinta de dezembro.

 –Juízo vocês dois, nada de festas aqui em casa. –Disse Denise. –Eu e Giorgio ligaremos todos os dias para saber se tudo está em ordem.
 –Não tragam mulheres para casa. –Giorgio piscou para Pedro, sem que Denise percebesse. –Juízo meninos.
 –Podem deixar eu e o Wagner nos comportaremos, não é Wagner?
 –É sim. 

Após a saída dos pais de Pedro, Wagner sentiu algo estranho dentro de si, afinal ele ficaria sozinho com o amigo e há alguns dias os sentimentos entre ambos não eram apenas de amizade.

 –O que vamos fazer? –Indagou Wagner.
 –Eu não sei você, mas eu vou tomar um banho. –Respondeu Pedro.
 –Ah, então vai lá.

Pedro estava em baixo do chuveiro já fazia sete minutos. O barulho da água caindo sobre o corpo do amigo atiçava sentimentos em Wagner, que ele não sentia fazia tempo. Algo libertador parecia ter tomado conta de Wagner. O menino tirou a roupa toda, ficando completamente nu, e em seguida subiu as escadas da casa, indo até o banheiro em que Pedro tomava banho. Vagarosamente, Wagner viu o amigo de olhos fechados lavando o cabelo com o shampoo, foi a oportunidade certa para ele entrar no box sem que Pedro notasse. Até que o mesmo abriu os olhos e se deparou com Wagner nu, dentro do box.

 –Eu sempre tive curiosidade em te beijar, e já que seus pais não estão em casa, acho que é a oportunidade certa. –Disse Wagner, fitando Pedro nos olhos.

As mãos de Wagner tocaram a cintura de Pedro, impulsionando-o contra seu corpo. Ambos trocaram um beijo gay literalmente molhado em baixo do chuveiro.